Uma bebê de 6 meses teve parte do corpo queimado durante sua internação no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, em Niterói, na última terça-feira. De acordo com a investigação da Polícia Civil, uma enfermeira que dava banho na pequena Juliana Anastácio se distraiu e deixou a temperatura da água atingir cerca de 50 graus, nível bem acima do máximo recomendado (36ºC).
A profissional, conta o delegado que apura o caso, Luiz Jorge Rodrigues, já foi identificada pela 78ªDP (Fonseca) e prestou depoimento nesta quinta-feira, dia em que o caso veio à tona. As queimaduras atingiram as pernas, virilha, genitália, nádegas e parte da barriga da criança, como é possível ver em fotos divulgadas pela família. Uma perícia realizada na tarde desta quinta, sob acompanhamento do Instituto Médico Legal (IML), apontou a água quente como causa dos ferimentos.
De acordo com o advogado da família, Pedro Rocha, Luara vinha acompanhando sozinha a situação da filha no hospital, pois seu marido, o cuidador de idosos Jefferson dos Santos, estava no trabalho. Na terça-feira, após voltar a sua casa para tomar um banho e trocar de roupa, Luara atendeu à ligação de uma outra paciente do hospital, que informou que algo tinha acontecido com a menina Juliana. Ela correu para o hospital e encontrou a filha já enfaixada.
Enfermeira responderá por lesão corporal grave
Os médicos logo disseram a Luara que a menina tinha se queimado durante um banho. Uma perícia parcial realizada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) na quarta-feira chegou a apontar para a hipótese de as queimaduras terem sido causadas por uma manta quente, procedimento médico usado para tratar algumas enfermidades. De acordo com o portal G1, um cirurgião plástico também chegou a ser chamado para investigar as feridas.
Segundo o advogado da família, Juliana foi internada no hospital com pneumonia. Portadora de meningite, a segunda filha de Luara e Jefferson, moradores do bairro Gradim, em São Gonçalo, desenvolveu uma microcefalia, e necessita de internações frequentes. No hospital, a menina chegou a sofrer episódios de convulsão, contou também o advogado. Segundo ele, na última segunda-feira, os médicos queriam dar alta à menina, que permaneceu internada após insistência da mãe.
Depois do ocorrido, a família pediu um prontuário ao hospital para registrar um boletim de ocorrência. Na manhã desta quinta-feira, o hospital informou que só poderia disponibilizar o prontuário após 30 dias. À tarde, no entanto, o hospital informou ao GLOBO que o prontuário já havia sido disponibilizado à família e à polícia. Também na tarde desta quinta, a família informou que Juliana está sedada no hospital, e que o quadro dela é estável.
O hospital disse ainda "lamentar profundamente o ocorrido" e que "está prestando toda a assistência necessária para a paciente e para família, além de contribuir com as investigações da polícia". A nota também informa que o hospital abriu uma sindicância para apurar o fato, e que "a direção tomará as medidas cabíveis".
"A direção já identificou os profissionais que atenderam a criança e está ouvindo todos os envolvidos no caso no âmbito da sindicância. Também está sendo realizado um levantamento técnico e análise dos insumos e equipamentos utilizados no tratamento da paciente a fim de descobrir as causas do fato", completa o comunicado.
A Polícia Civil solicitou outras duas perícias para analisar o caso, que foram realizadas nesta quinta-feira, sob acompanhamento de um legista do Instituto Médico Legal (IML). O delegado Luiz Jorge Rodrigues informou que o crime foi registrado como lesão corporal grave, mas também pode ser enquadrado como condescendência criminosa e prevacaricação.