Candidatos relatam na tarde desta quinta (15) que conseguiram acessar os resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) já na véspera da data programada para a divulgação - esta sexta (16), às 8h da manhã.
Contatado pelo G1, o Ministério da Educação (MEC) ainda não respondeu se houve uma falha e se os resultados visualizados representam a classificação real dos estudantes.
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Próximo das 17h, o site do Sisu apareceu com a seguinte mensagem: "Fique tranquilo. Em breve você poderá acessar a plataforma do Sisu)". O login do candidato já estava indisponível (ver imagem acima).
Segundo os relatos, a brecha era explorada da seguinte forma:
No site do Sisu, o candidato logado tem uma opção para imprimir seu comprovante de inscrição ao clicar nesse botão, aparecia uma opção de QR Code tanto para primeira quanto para a segunda opção de curso + universidade ao usar um leitor de QR Code, o candidato visualiza o que seria sua classificação na chamada regular do Sisu
A estudante Anna Rosa Barbosa, 20 anos, de Macapá (AP), disse que descobriu por acaso a possibilidade de acesso ao ver uma postagem no Twitter.
Ela conta que concorre a uma vaga em ciências biológicas (primeira opção) e gastronomia (segunda), ambos os cursos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). De acordo com o que apareceu para a candidata, ela teria sido aprovada na segunda opção.
Turbulências no Sisu 2021
Em menos de uma semana, o MEC prorrogou o prazo final de inscrições e derrubou o sistema que foi chamado de "nota fantasma" ou "dupla classificação".
Na prática, a pasta anunciou a retomada do formato que era adotado até 2019. O MEC declarou que a mudança atende a "apelos contrários" ao sistema usado em 2020 e mantido inicialmente neste ano – mas nega que o cálculo diferente tenha levado a alguma ocupação indevida de vagas no ensino superior.
Antes de ser encerrada pelo MEC, a "nota fantasma" chegou a ser alvo de representações de deputados federais e de uma ação conjunta movida por entidades estudantis.
O método de "dupla classificação" ou "nota fantasma" funcionava da seguinte forma:
O Sisu é um sistema que usa as notas do Enem para que candidatos tentem uma vaga nas universidades públicas brasileiras
Durante os 4 dias em que o Sisu fica aberto para inscrições, os estudantes podem mudar livremente as duas opções de curso + universidade que indicam em seu perfil (embora, ao final, a matrícula será feita em apenas uma delas).
O sistema é frequentemente comparado a um leilão. A pontuação dos candidatos que se inscrevem em um curso vai determinar a nota de corte
Ou seja, nesse período de 4 dias, a entrada de candidatos com pontuações altas pode alterar a lista de aprovados de uma hora para outra e, consequentemente, a nota de corte.
Até 2020, a concorrência pelas vagas só levava em conta a primeira opção assinalada pelo candidato. Mas, no Sisu passado, o MEC introduziu sem aviso um novo modelo em que as duas opções são computadas na disputa por vagas.
Como a matrícula só será feita em apenas uma opção de curso + universidade, o desempenho no Enem de um candidato podia inflar artificialmente as notas de corte já que a outra escolha do aluno não valerá após o fechamento do sistema.
Neste ano serão ofertadas 209.190 mil vagas, distribuídas em 5.685 mil cursos de graduação.