Por volta de 13h30 do dia 14 de setembro, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, comunicou a Paulo José Arronenzi, de 52, sobre a decisão de terminar o relacionamento do casal, junto desde 2009. A magistrada avaliou que o então marido aceitara bem a notícia e dava uma carona a ele da Gávea, Zona Sul do Rio, a Icaraí, em Niterói, quando teve início uma discussão "acalorada".
Dentro do carro, durante o trajeto entre as duas cidades, o engenheiro demonstrou estar "enfurecido" e "destemperado" e a juíza desistira de pegar as filhas — uma de 9 anos e duas gêmeas de 7 — na casa da mãe e leva-las com ele ao Campo de São Bento, como haviam inicialmente combinado. Ao chegar ao prédio, na Rua Mariz e Barros, Paulo forçou a entrada, passando pelo porteiro sem autorização, e empurrou Viviane.
Em depoimento na 77ª DP (Icaraí), para onde o casal foi levado por policiais militares, a juíza narrou ter caído no chão e lesionado a coxa direita. Ela admitiu que o então marido tinha "gênio explosivo" mas negou que a tivesse agredido anteriormente. Viviane afirmou que não gostaria de vê-lo preso nem de representar criminalmente contra ele.
No primeiro termo de declaração, a magistrada disse que prezava pelo integridade física e pelo bom andamento do término do relacionamento, mas que não desejaria fazer jus ao seu direito de arguir as medidas protetivas da Lei Maria da Penha.
Cinco horas depois, Viviane retornou a 77ª DP para contar que Paulo voltou a casa de sua mãe, jogou todas as suas roupas pelas grades do condomínio e prometeu: "Isso não vai ficar assim! Eu vou te matar". Ela repetiu que não desejava que o engenheiro fosse preso mas, dessa vez, requereu a adoção das medidas protetivas. O caso foi registrado como lesão corporal e ameaça — ambos no âmbito de violência doméstica.
Por volta de 18h desta quinta-feira (24), três meses depois desse registro de ocorrência, Viviane foi morta a facadas por Paulo, em um condomínio na Rua Raquel de Queiroz na Barra da Tijuca. As três filhas pequenas do casal presenciaram a cena. Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível escutar os gritos das crianças clamando para que o homem parasse de golpeá-la.
Há alguns meses, Viviane havia solicitado escolta do Tribunal de Justiça do Rio. Ela passou a ser acompanhada por seis seguranças armados, em dois carros, durante 24 horas por dia. A própria juíza, no entanto, se dirigiu a Comissão de Segurança do TJ, e assinou uma declaração dispensando os guardas. Uma das filhas fez o pedido, alegando que o pai não "era bandido".