O Lago do Manso, localizado no município de Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá), se tornou a moradia de muitas pessoas, além de ponto turístico para quem busca se refrescar do calor típico da região. Mas existe um risco para os banhistas: o ataque de piranhas. Preocupados, empresários e moradores, buscam soluções para amenizar os crescentes ataques.
Em Mato Grosso, não existem dados sobre o número de pessoas que foram atacadas por piranhas, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). À reportagem foi informado que o setor responsável irá monitorar, a partir de agora, relatos de ataques para identificar onde ocorrem e qual a frequência, para que nos próximos anos tenham dados consolidados.
O Lago do Manso não possuí correnteza ou fluxo de água, sendo um lago identificado como "lêntico", propício para a reprodução das piranhas que são animais omnívoros, ou seja, comem de tudo: plantas, invertebrados, com tendência piscívoria (dieta predominantemente à base de peixes). Com fama de “peixes assassinos”, as piranhas, assim como a maioria dos animais selvagens, só atacam em determinadas circunstâncias que podem ser evitadas.
Joisiane Araujo, doutora em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), explica que o comportamento natural das piranhas é nadar em cardume, seja para proteção ou para caça de alimentos. Os ataques a seres humanos costumam acontecer quando são atraídas por quedas de objetos na água, movimentações que podem ser interpretados como um animal ferido ou indefeso, e principalmente por restos de alimentos.
"Elas são atraídas e por isso atacam. Isso não significa que elas ‘caçam’ seres humanos. O que pode e deve ser feito para evitar esses ataques é sinalizar a região com instalação de placas alertando os banhistas, evitar hábitos que podem atrair atenção das piranhas, como jogar alimentos na água", explica.
Após a reunião, a Sema divulgou uma nota informando que iniciou um estudo para levantar a situação do lago junto a Furnas Centrais Elétricas S/A, empresa responsável pela barragem, para que se possa chegar a uma solução viável. Desde os anos 2000, o local é observado e, segundo estudos realizados pela empresa, nunca houve necessidade de medidas para repovoamento de peixes.
Agora os empresários discutem na Justiça métodos para acabar com ataques. Um deles seria o repovoamento de peixes. De acordo com a Sema, existe uma série de regras que precisam ser obedecidas antes que possa acontecer. Para Josiane, uma atitude errada pode causar a extinção de espécies inteiras que habitam o lago.
Joisiane explica que é preciso uma análise mais fria e técnica em relação ao caso dos ataques de piranhas no Manso e que atitudes como a introdução de predadores não nativos da região pode causar problemas ecológicos ainda maiores, pois as novas espécies podem desequilibrar a cadeia alimentar do lago, podendo até mesmo desencadear a extinção de peixes nativos e invertebrados como consequência.
“Porque as espécies exóticas irão competir por alimento e espaço com as espécies nativas, aumentar a predação, reduzindo ainda mais as espécies nativas e até mesmo levar à extinção delas, não só de peixes como também de invertebrados. Desse modo, podem comprometer toda a diversidade e produtividade do lago”, afirmou.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
A Sema informou que o cerceamento com grades, em áreas do lago próximas de quiosques, pode evitar o ataque das piranhas. Já Joisiane, orienta para o uso de placas informando os banhistas sobre possíveis ataques e sobre evitar jogar alimentos no lago.
ORIENTAÇÕES
Evite jogar comida na água e/ou entrar com qualquer lesão não cicatrizada no corpo (segundo relatos, as piranhas percebem uma gota de sangue em aproximadamente 200 litros de água), pois são ações que podem atrair a atenção desses peixes.
*Sob orientação da jornalista Cátia Alves