Ativista e coordenadora municipal de Diversidade de São Paulo, Léo Áquilla criticou a organização do 1º Seminário LGBTQIA+ Prisional, realizado nesta terça-feira (28) pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que debate a vida desta população dentro do sistema penitenciário em Mato Grosso. Ela não teria tido direito à fala e foi necessário que ela solicitasse: "Eu sou uma mulher transexual e sinto na pele o que é ser calada. E mais uma vez, fui silenciada e me senti péssima aqui", disse.
A ativista, cuja trajetória é de defesa dos direitos LGBTQIA+, chegou a divulgar em suas redes sociais que iria debater sobre o acolhimento às pessoas que cumpriram pena e precisam de apoio para retornar à sociedade.
"A escritora Clarice Lispector disse 'se você tem direito ao grito, então grite'. E essa frase é muito bem citada nesta mesa. Eu tenho 53 anos e eu vejo a hipocrisia que é esse sistema nacional, que diz que acolhe, mas não acolhe... que diz ama, mas não ama... que diz que respeita e não respeita. Eu sou uma mulher transexual e sinto na pele o que é ser calada. E mais uma vez, fui silenciada e me senti péssima aqui. E eu não vou nunca mais aceitar na minha vida ser silenciada em lugar nenhum. Eu não sou modelo, não estou aqui de enfeite e quero fazer uma perguntas para que as autoridades presentes respondam no decorrer do dia", lamentou ela.
No vídeo ao qual a reportagem teve acesso, é possível ver Léo Áquilla com a voz intensa questionando sobre os resultados que o seminário proporcionar.
"O que é esse evento? O que vai virar esse evento? É só mais um seminário para constar? O que é isso aqui? Quando iremos ver o resultado disso aqui, para chegar as pessoas. Nós estamos cansados de lindos discursos e cansados de tanta hipocrisia", discursou a ativista.
Conforme o TJ, o diálogo com as populações LGBTQIA+ e feminina, por meio do 1º Seminário LGBTQIA+ Prisional contou com a participação de mulheres, cis, trans e lésbicas, que estão inseridas no sistema prisional, em regime semiaberto, que realizam trabalho extramuros e estão sendo capacitadas no curso de técnico administrativo e informática do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Senac MT, por intermediação da Fundação Nova Chance.