O movimento “Escolas Abertas Cuiabá”, que pede a retomada das aulas presenciais nas unidades de educação básica particulares, aumentou a pressão sob a gestão municipal. Criado há uma semana, o grupo já conta com quase 2 mil adeptos nas redes sociais e aplicativos de mensagens, que se organizam para a realização da sua 3º carreata na capital, neste domingo (24). A expectativa é que a prefeitura de Cuiabá autorize via decreto, o retorno às aulas presencias para o dia 2 de fevereiro.
Com o fechamento das escolas na pandemia, Francielle Claudino – mãe de quatro crianças, com idades entre 5 meses e 7 anos – se viu diante do desafio de alfabetizar a filha mais velha em casa. Ela até tentou buscar ajuda em cursos on-line com dicas de métodos de ensino, mas foi em vão.
“Foi e está sendo muito desgastante tentar fazer a alfabetização. Eu não tenho a técnica que um professor tem. Na presença da mãe, a criança também faz corpo mole e perde o foco, o papel do professor é fundamental”, desabafa a servidora pública federal e uma das idealizadoras do movimento Escolas Abertas Cuiabá.
Inspirado no movimento de mesmo nome, iniciado em São Paulo no ano passado, Francielle observou que a capital mato-grossense estava atrasada na cobrança por um posicionamento da gestão municipal.
“Vi muitas mães reclamando e ninguém tinha feito nada, o que é uma culpa nossa. Com o modelo de São Paulo, começamos nos mobilizar pelas redes e, em 24 horas, tínhamos 200 adeptos e realizamos a nossa 1º carreata. Hoje já contamos com mais de 3 mil assinaturas pedindo o retorno do ensino presencial e já preparamos documentos para o caso de entrar com uma ação jurídica”, revela.
Os participantes do movimento também questionam as razões pelas quais bares, restaurantes, shoppings centers e eventos para até 100 pessoas foram autorizados, mas o retorno das escolas não.
“A escola também é uma aliada no combate a pandemia, pois nela as crianças aprendem as práticas de higiene. Os professores têm a técnica certa para ensinar e o ambiente é controlado. O modelo já foi adotado em outros locais e tem funcionado de forma exitosa. A escola só está fechada por falta de vontade política”, reclama Francielle.
Uma das exigências das mães e pais é que o município não adie mais o retorno das aulas. Apontam que o caso deve ser tratado com equidade, pois o momento vivido na rede privada é diferente da pública.
“Queremos a abertura das escolas, especialmente das particulares, que já investiram recursos para se adaptarem ao momento e estão prontas. Queremos o retorno, no mínimo, para o dia 2 de fevereiro e não em março. Entendo que para o prefeito deve ser complicado decidir pelas particulares e deixar a pública de fora, por ainda não estarem preparadas. No entanto, a situação é diferente e não é possível ser tratado igual, infelizmente, as diferenças são gritantes”, justifica a porta-voz do movimento.
Segundo Francielle, a rede privada já demitiu mais de 1,1 mil professores, outro grupo está recebendo a metade dos salários e mais de 30 escolas em Cuiabá já quebraram. A mobilização também pede agilidade na reabertura das unidades públicas.
“Somos sensíveis à causa de todas as mães que estão em casa com seus filhos, sem escola. O movimento é aberto a todos e pedimos por elas também”, pondera.
A 3ª carreta do movimento Escolas Abertas em Cuiabá será realizada neste domingo (24), com concentração em frente ao Parque Tia Nair, a partir das 15h30.