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Economia Sexta-feira, 12 de Março de 2021, 10:15 - A | A

Sexta-feira, 12 de Março de 2021, 10h:15 - A | A

BOMBA DO PETRÓLEO

Alta do combustível vai parar nos alimentos e trava o consumo das famílias menos favorecidas

Priscilla Silva

A gasolina tornou-se a maior vilã na composição de preços para a maioria dos consumidores brasileiros em fevereiro deste ano. Os últimos reajustes no combustível – que é indispensável na hora da produção e transporte de alimentos, roupas, equipamentos, dentre outros produtos – criou um efeito em cadeia para todos os setores econômicos, até chegar no bolso do consumidor.

No mês de fevereiro, a inflação para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encerrou o período em 0,86%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica (IBGE).

Ao encerrar fevereiro com IPCA em 0,86%, a inflação quase superou a registrada em 2016 (0,9%), ocasião em que o país enfrentava a sua maior recessão econômica. No entanto, desta vez, a gasolina foi a principal causa desse aumento. Ela, sozinha, contribuiu com 0,36 pontos percentuais (p.p.), ou seja, 42% do índice do mês.

Nos dois primeiros meses deste ano, a gasolina passou por seis reajustes nas refinarias e acumulou alta superior a 50%. Além disso, os preços do etanol, do óleo diesel, do gás de cozinha e veicular também subiram.

“Sem dúvida isso ajuda na inflação, pois tem impacto direto no preço dos outros produtos, que é provocado, principalmente, pelo aumento do diesel”, explica Nelson Soares Junior, diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo).

AS CAUSAS - Dentre precificação dos combustíveis fósseis – diesel e gasolina – estão considerados os parâmetros de variação cambial e o preço do barril do petróleo no mercado internacional.

“Como o preço do barril saiu de 40 dólares, em dezembro, para 70 dólares agora; e o dólar tem aumentado consideravelmente; a Petrobras vem repassando esses preços. O resultado disso é aumentos sucessivos, que vêm impactando o preço do diesel e da gasolina”, diz Nelson.

Para reverter os reflexos desse sistema de preços, o governo federal, entidades do setor e o Poder Legislativo trabalham para criar regras nacionais que segurem as constantes oscilações de preços. Um dessas mudanças é a proposta de unificação dos impostos, com o estabelecimento de cobrança nacional com um valor fixo.

“É importante que se avance na reforma tributária e criar uma alíquota unificada para todos os estados, que resulte um valor fixo para os governos estaduais. Ou seja, se o preço [no mercado internacional] aumentar ou cair, o valor do imposto que será pago continua o mesmo”, defende o diretor executivo.

Atualmente, o valor do imposto recolhido pelos governos estaduais é calculado com base em uma alíquota denominada Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), que cada estado atualiza quinzenalmente, após pesquisa de preços e ponderação sobre o volume. Em Mato Grosso, essa alíquota é de 17%.

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