A área plantada e a produtividade de soja na temporada 2023/24 foram revisadas para baixo pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O principal motivo é o clima extremamente quente e seco que assolou Mato Grosso entre outubro e novembro, quando teve início o plantio da soja. O excesso de calor e a falta de chuvas prejudicaram o desenvolvimento inicial das plantas e, em alguns casos, obrigaram os produtores a refazerem o plantio da soja.
Ao menos 0,74% da área projetada inicialmente, que totalizada 12,13 milhões de hectares, não será plantada. Além disso, 5,04% da área precisa ser replantada, o que pode fazer os produtores dessas localidades desistirem da soja para antecipar o plantio do algodão, afetando ainda mais a produção da oleaginosa.
“Esse cenário poderá influenciar na decisão do produtor em abandonar as áreas prejudicadas devido aos custos adicionais para a safra ou, para os produtores que fazem algodão em segunda safra, destinar parte da área para o cultivo da fibra, visto a necessidade de produzir e cumprir os contratos já firmados”, diz trecho do relatório do Imea.
O instituto aponta ainda que o clima quente, aliado aos longos períodos sem chuvas em Mato Grosso, tem afetado negativamente o desenvolvimento das lavouras e já provoca o encurtamento do ciclo da soja em alguns talhões. Isso deve prejudicar o potencial produtivo da planta, o que levou o Imea a revisar para baixo a produtividade da safra. Com a redução de 3,07% na produtividade, é esperado um rendimento de 57,87 sacas de soja por hectare.
“Por fim, com as modificações na área e na produtividade, a produção da safra 2023/24 ficou projetada em 42,13 milhões de toneladas, queda de 3,78% ante ao relatório anterior”, aponta o relatório.
CHUVAS EM DEZEMBRO
O mês de dezembro será crucial para a safra 2023/24, já que as lavouras necessitam de chuvas para continuarem seu desenvolvimento. Institutos de meteorologia indicam que a primeira quinzena de dezembro deve ter chuvas mais volumosas.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), dezembro deve ter chuvas pouco acima da média no Araguaia, tanto na região Sudeste quanto na região Nordeste de Mato Grosso. Já o Médio-Norte pode ter chuvas abaixo da média, enquanto o restante de Mato Grosso deve se manter dentro da normalidade para o período. Já as temperaturas devem permanecer elevadas em todo o estado, especialmente no Nortão.
“Em grande parte do Brasil Central, o retorno gradual das chuvas está sendo importante para a recuperação do armazenamento de água no solo, especialmente em áreas do norte de Mato Grosso e sul de Goiás. No geral, a umidade no solo será favorável para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra, exceto em áreas do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como no noroeste do Mato Grosso do Sul e sudoeste de Mato Grosso, onde os níveis de umidade poderão ser mais baixos”, destaca o relatório do Inmet.