Cuiabá, 08 de Julho de 2025
DÓLAR: R$ 5,46
Icon search

CUIABÁ

Economia Sábado, 23 de Janeiro de 2021, 11:21 - A | A

Sábado, 23 de Janeiro de 2021, 11h:21 - A | A

"FICA NO CAMINHO"

Caminhoneiros temem que alívio na taxação dos pneus não chegue no bolso

Priscilla Silva

Todos os pneus novos para caminhões que dão entrada no Brasil passaram a ser isentos do pagamento do imposto de importação, uma alíquota de 16%. A medida definida pelo governo federal é temporária e começou a valer a partir da sua publicação no Diário Oficial da União, na quinta-feira (21). A iniciativa foi celebrada pelos caminhoneiros e empresários transportadores de cargas no país, no entanto, a categoria teme que essa ação não tenha efeito na prática.

“Se realmente chegar nos transportadores, a expectativa para essa medida é boa. A preocupação é se o importador não vai só se aproveitar dessa isenção para seu benefício não repassando essa redução na ponta, para nós transportadores”, questiona o empresário Alexandre Schueroff, que há 20 anos atua no ramo de transporte rodoviário de cargas no município de Sorriso (MT).

A decisão de zerar a tarifa incidente sobre os pneus novos importados, utilizados em caminhões, ocorreu na última reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, na quarta-feira (20). Segundo o ministério, a isenção atende uma queixa das empresas do setor, que argumentam que o produto ficou mais caro, em razão da alta do dólar aumento da demanda e dos preços das commodities no mercado internacional.

Ao justificar sua insegurança com relação a efetividade ou não dessa medida, o empresário cita como exemplo o comportamento da cadeia quando há redução ou aumento de combustíveis. “Na maioria das vezes, quando o governo abaixa uma média de 3% ou 4% do combustível, o valor repassado para nós nunca chega a ser o que foi anunciado. Já quando ocorre ao contrário, como um reajuste de 3%, é cobrado de nós 3,2%, sempre acima do anunciado. Então, essa medida para os pneus, se realmente for repassada pelos importadores para nós, será muito bem vinda”, explica Alexandre Schueroff.

Caso a isenção atinja os transportadores de carga, os profissionais terão a chance de uma leve melhora da margem de lucro que, hoje, conseguem com o frete. Estima-se que só os custos com manutenção de um caminhão consumam 85% do frete.

“Hoje o combustível é o que mais consome. Os pneus o custo não é tão alto, pois se não houver intercorrências, o tempo de vida útil de um gira em torno de dois anos. Porém, do total de frete que recebemos, 50% fica em combustível, 15% em pneus e mais 10% com mão de obra, ou seja, o custo total de um caminhão hoje é de quase 85%. Na operação final, o que está sobrando para o transportador é apenas 15%”, explica Alexandre.

De acordo com a nota publicada pelo Ministério da Economia, a alteração da alíquota tem o objetivo de contribuir para a redução dos custos operacionais do transporte rodoviário de cargas no Brasil, que aumentaram neste período de restrição econômica ocasionada pela pandemia da covid-19.

Segundo o presidente da Associação de Proprietários de Caminhões e Transportadores de Cargas de Tangará da Serra, Edgar Augusto Laurin, o preço do pneu subiu cerca de 30% durante a pandemia. “Um pneu que antes era R$ 1,5 mil foi para até R$ 2,2 mil em alguns casos. Fica praticamente inviável trabalhar com transportes. Se, realmente tivermos essa redução de 16%, ela vai beneficiar quem compra na ponta, melhorando um pouco sua margem de lucro”, afirma o representante da associação.

Em 2020, a importação de pneus, do tipo usados em caminhões, registrou de US$ 141,8 milhões no valor de importações, com mais de 1,28 milhão de unidades, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

Cuiabá MT, 08 de Julho de 2025