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Economia Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021, 10:41 - A | A

Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021, 10h:41 - A | A

INFLAÇÃO À MESA

Carne volta a ser ‘alimento de luxo’

Priscilla Silva

A falta de animais para o abate segue impulsionando o aumento dos preços no mercado. A arroba do boi gordo à vista já é 63% maior do que há doze meses e está perto de atingir os R$ 300 em Mato Grosso. O encarecimento vem acelerando. Dessa alta, 7% aconteceu entre janeiro e fevereiro deste ano.

A valorização da proteína também tem refletido nos preços da carne para o consumidor. Os cortes de carne bovina contabilizam uma alta de 22,6%, em média, no varejo. Os maiores aumentos foram registrados nos cortes mais populares, como acém e coxão duro.

No mercado estadual, entre os dias 10 fevereiro do ano passado e deste ano a arroba do boi gordo à vista saltou de R$ 174,76 para R$ 284,73. Em outras praças do mercado, como São Paulo, o produto já superou essa marca e é comercializado por até R$ 310, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado.

“A grande problema é que o preço da carne já está muito alto, porém não o suficiente para pagar o atual valor da arroba. A tendência em economia de mercado é a de que as coisas se ajustem. Seria possível a manutenção de atividade com desequilíbrios na estrutura de custos e valores. É uma questão de tempo apenas”, avalia Paulo Bellincanta, diretor do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo-MT).

A valorização da carne bovina afeta principalmente o bolso dos mais pobres, grupo de maior demanda. No varejo de Mato Grosso, o preço dos cortes de carne bovina subiu, em média, 22,6% nos últimos doze meses. As maiores altas foram registradas nos cortes de segunda, como coxão duro (38,64%), lagarto (32,59%), acém (31,89%) e patinho (31,38%).

Em contrapartida, as menores valorizações ocorreram em cortes nobres, como filé mignon (4,21%), contrafilé (12,86%) e picanha (13,22%).

Com a renda cada dia mais comprometida pela inflação dos alimentos, o mercado já observa uma redução no consumo de carne bovina. Para os próximos dias, a expectativa do mercado é que a estagnação no consumo interno barre novas altas na arroba do boi.

“Importante salientar que vamos ter que nos acostumar a valores maiores nas proteínas animais. Cada uma delas com sua história e com fatores diferentes pressionando os preços, mas os custos de alimentação em alta atingem em cheio as três (boi, suíno e aves)”, pontuou Bellincanta.

INDÚSTRIA - A falta de matéria-prima continua prejudicando as escalas de abates nos frigoríficos. A média de abates da última semana ficou em 4,03 dias, bem aquém do resultado visto no mesmo período de 2020, quando as indústrias tinham insumos para 6,85 dias.

Cuiabá MT, 04 de Outubro de 2024