A falta de animais para o abate segue impulsionando o aumento dos preços no mercado. A arroba do boi gordo à vista já é 63% maior do que há doze meses e está perto de atingir os R$ 300 em Mato Grosso. O encarecimento vem acelerando. Dessa alta, 7% aconteceu entre janeiro e fevereiro deste ano.
A valorização da proteína também tem refletido nos preços da carne para o consumidor. Os cortes de carne bovina contabilizam uma alta de 22,6%, em média, no varejo. Os maiores aumentos foram registrados nos cortes mais populares, como acém e coxão duro.
No mercado estadual, entre os dias 10 fevereiro do ano passado e deste ano a arroba do boi gordo à vista saltou de R$ 174,76 para R$ 284,73. Em outras praças do mercado, como São Paulo, o produto já superou essa marca e é comercializado por até R$ 310, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado.
“A grande problema é que o preço da carne já está muito alto, porém não o suficiente para pagar o atual valor da arroba. A tendência em economia de mercado é a de que as coisas se ajustem. Seria possível a manutenção de atividade com desequilíbrios na estrutura de custos e valores. É uma questão de tempo apenas”, avalia Paulo Bellincanta, diretor do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo-MT).
A valorização da carne bovina afeta principalmente o bolso dos mais pobres, grupo de maior demanda. No varejo de Mato Grosso, o preço dos cortes de carne bovina subiu, em média, 22,6% nos últimos doze meses. As maiores altas foram registradas nos cortes de segunda, como coxão duro (38,64%), lagarto (32,59%), acém (31,89%) e patinho (31,38%).
Em contrapartida, as menores valorizações ocorreram em cortes nobres, como filé mignon (4,21%), contrafilé (12,86%) e picanha (13,22%).
Com a renda cada dia mais comprometida pela inflação dos alimentos, o mercado já observa uma redução no consumo de carne bovina. Para os próximos dias, a expectativa do mercado é que a estagnação no consumo interno barre novas altas na arroba do boi.
“Importante salientar que vamos ter que nos acostumar a valores maiores nas proteínas animais. Cada uma delas com sua história e com fatores diferentes pressionando os preços, mas os custos de alimentação em alta atingem em cheio as três (boi, suíno e aves)”, pontuou Bellincanta.
INDÚSTRIA - A falta de matéria-prima continua prejudicando as escalas de abates nos frigoríficos. A média de abates da última semana ficou em 4,03 dias, bem aquém do resultado visto no mesmo período de 2020, quando as indústrias tinham insumos para 6,85 dias.