Nos últimos cinco anos, a cesta básica ficou 50% mais cara na capital mato-grossense, Cuiabá. O conjunto dos 13 produtos e porções adequadas para alimentar uma família com quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) fechou o primeiro mês do ano cotado a R$ 611,30. Em 2017, o valor era R$ 411,30. O preço da cesta básica atual, associado ao salário mínimo do ano, consumiu mais de 55% da renda básica do brasileiro.
No comparativo com o ano anterior, o custo da cesta básica saltou 20,6%, saindo de R$ 506,90 em janeiro de 2020 para R$ 611,30 em janeiro de 2021. Um aumento de mais de R$ 100 em apenas um ano.
As famílias que sobrevivem com renda mensal de R$ 1.100 gastaram 55,5% dela na compra de alimentos durante o mês de janeiro. Em janeiro de 2017, a cesta básica consumia 43,8% do salário mínimo da época (R$ 937).
Consultado pela reportagem, o economista Vivaldo Lopes afirmou que a tendência é que esse percentual da renda mínima destinado à alimentação continue em crescimento.
“Nesse período comparado, o valor do salário mínimo ficou abaixo do aumento dos produtos da cesta básica, sendo que ela é um componente forte para a inflação – especialmente em 2020, que ficou com valor acima. O salário passou a ser reajustado apenas pela inflação, no caso o INPC. Isso, ao longo do tempo, mostra que se antes o item alimento consumia 43% da cesta básica, agora precisa-se de 55% e a tendência é que esse comprometimento aumente”, explica.
Neste ano, a própria correção do salário mínimo ficou abaixo da inflação. Em dezembro de 2020, ao anunciar o valor do salário mínimo de R$ 1.100 para este ano, o governo federal usou como base para o reajuste a previsão de uma inflação (INPC) de 5,22%. Na ocasião, os dados da inflação do ano ainda não tinham sido computados. No início de janeiro deste ano, o IBGE calculou um resultado da inflação no ano em 5,45%. Para não ter perdas inflacionárias, o salário de 2021 deveria ser de R$ 1.102.
“Cada vez mais a pessoa que vive de salário mínimo tem que comprometer uma parte maior de sua renda só para viver, ou seja, com comida”, destaca Vivaldo.