Depois de uma forte queda nos primeiros meses da pandemia, os preços dos combustíveis na bomba aumentaram desde meados do ano, conforme as atividades econômicas foram retomadas após a fase mais rígida do isolamento social contra a disseminação do coronavírus.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina comum nas bombas subiu 4% entre novembro e janeiro, de R$ 4,409 para R$ 4,583. O diesel S-10, por sua vez, teve alta de 4,5% no mesmo período, de R$ 3,606 para R$ 3,769.
A alta pesa nos bolsos dos consumidores - e gerou reclamações entre caminhoneiros.
Mas como são formados esses preços?
Como a Petrobras é dominante no mercado, a influência do preço da gasolina e diesel começa com a empresa, mas também há a venda de empresas privadas. O diesel sofre ainda mais influência, por conta do peso do petróleo na composição.
No final do mês passado, a Petrobras anunciou mais um aumento: na primeira alta do diesel este ano, o preço médio do combustivel nas refinarias subiu 4,4% - e o litro passou a ser vendido às distribuidoras pelo preço médio de R$ 2,12 por litro. No caso da gasolina, a alta foi de 5% - levando o preço médio do litro a R$ 2,08.
Quem faz o meio de campo entre os preços de refinarias e o preço cobrado do consumidor, no entanto – ou seja, tem nas mãos a decisão de repassar os reajustes – são os postos de combustíveis.
E nessa equação, há quatro itens: lucros do produtor ou importador, custo do etanol anidro (no caso da gasolina) e do biodiesel (no caso do diesel), impostos (ICMS, PIS/Pasep e Cofins, e Cide) e margens do distribuidor e revendedor.
Caminho dos combustíveis — Foto: Arte G1
Veja abaixo a formação de preço de cada um.
Diesel
O diesel tem a maior influência da Petrobras sobre a formação dos preços. A porção de realização (fatia que fica com a Petrobras) da empresa no preço é de 47%, quase metade do que o consumidor encontra da bomba.
Os impostos são a segunda maior fatia, com 23% do preço. Há, contudo, uma divisão entre tributos federais e estaduais. O ICMS, da Unidade Federativa, é maior, com 14%. Cide, PIS e Cofins têm uma mordida de 9%.
A cadeia de distribuição e os revendedores ficam com 16% do valor pago, terceira maior porção do preço.
Por último, há também influência do biodiesel. Atualmente, é necessária uma mistura mínima ao diesel mineral em proporção de 12% pelas distribuidoras, segundo a Petrobras. Em 2023, essa parcela deve chegar a 15%.
Composição de preço do diesel — Foto: Arte G1
Gasolina
A gasolina vendida nos postos é uma mistura entre gasolina e etanol anidro. A divisão é de 73% e 27%, respectivamente. Como o diesel, incidem os impostos e lucro de distribuição e revenda no preço final.
A maior fatia do preço da gasolina é formada por impostos. Somados, o ICMS, o PIS/Pasep e Cofins somam 44% do valor final, sendo 29% para o primeiro e 15% para os demais. O que fica para a Petrobras (a realização ) são 29% do preço final.
Na sequência, entra o etanol anidro – representa 15% do valor final. O lucro das distribuidoras e revendedoras é de 12%.
Composição de preço da gasolina — Foto: Arte G1
Preço do petróleo
A principal pressão em cima do valor dos combustíveis vem dos preços internacionais do petróleo. Houve uma dupla ação, da alta da commodity no mercado internacional desde a retomada das atividades econômicas e da cotação do dólar.
A pandemia do coronavírus demandou uma restrição da circulação de pessoas para conter o espalhamento da Covid-19. O preço do petróleo afundou no momento mais intenso do isolamento social e veio em uma crescente conforme houve abertura das atividades comerciais.
Preços do petróleo WTI, em US$ — Foto: G1 Economia
Levantamento da consultoria Economatica mostra que o barril de petróleo WTI acumula alta de 164% desde o início de maio do ano passado. Mas os preços chegaram, pela primeira vez, a patamares negativos em abril. Comparados a preços do início de 2020, entretanto, os preços estão 15% menores em dólar.
Acontece que o dólar teve alta considerável no ano passado. O ganho anual da moeda americana foi de 29%, impactando as margens de todo o ciclo de produção de combustíveis.