A construção de três mil casas populares em 25 municípios de Mato Grosso pode demandar mais de R$ 39 milhões da cadeia de suprimentos do setor da construção civil e outros setores da economia. A projeção é com base no estudo inédito, “Pós-obra: geração de renda e emprego na economia”, elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Assinado em maio de 2020, o projeto Mais Habitação, do governo do Estado, prevê investimentos de R$ 341,4 milhões, o total inclui o valor do governo e da cooperação com municípios para a construção de 3 mil casas populares. No entanto, os gastos com moradia não se encerram com a entrega das chaves.
Para tornar o local habitável, o novo morador terá que investir em reformas de adequação, compra de eletrodomésticos e itens de decoração. De acordo com a pesquisa, investimentos nesta nova fase – pós-obra – correspondem ao gasto de 10% do valor do imóvel popular.
O ciclo da construção não se encerra com o “Habite-se” e com a entrega das chaves. “A partir desse momento, inicia-se uma série de gastos, seja com reformas para melhorias nas residências, seja com a compra de itens de mobiliário e eletroeletrônicos”, reforça José Carlos Martins, presidente da CBIC.
A importância da pós-obra na economia era, até então, apenas uma percepção do setor, mas “agora, temos os dados. Percebe-se que a relevância da construção para a economia nacional é ainda maior”, complementou Betinha Nascimento, vice-presidente da CBIC.
Em Mato Grosso, os reflexos da construção de novas moradias populares deverão ser sentidos nos próximos três anos. Na ocasião da assinatura do projeto, o governador do Estado, Mauro Mendes, ressaltou que os empreendimentos injetariam dinheiro nas economias locais, tanto por meio dos empregos gerados quanto pela cadeia da construção civil.
"Temos milhares de famílias que não têm um lar decente e digno para morar. Além disso, quase 10 mil empregos serão gerados para essa construção. O governo vai colaborar com os municípios e contribuir com o sonho e a felicidade de muitas famílias mato-grossenses. Vamos preparar terrenos, a infraestrutura, chamar as empreiteiras e dar todo o suporte para entregarmos essas casas", afirmou o governador.
De acordo com o governo estadual, o custo médio de cada moradia será de R$ 130 mil. O valor total – 3 mil moradias –, com base no percentual de gastos com pós-obras apontado pela pesquisa (10%), deverá corresponder a R$ 39 milhões circulando na economia local para compras de móveis, eletrodomésticos, pagamentos de prestação de serviços e outros.
“A fase de pós-produção abrange os efeitos da construção na geração de emprego, de renda e de arrecadação tributária decorrentes das atividades que acontecem após a entrega das obras de edificações residenciais, aos respectivos proprietários dos imóveis”, aponta a pesquisa.
O montante a ser investido deverá perdurar ao longo de três anos após a entrega da obra, como destaca a pesquisa.
“Os gastos pós-obras, aos quais se referem esses percentuais não ocorrem, via de regra, integralmente no primeiro ano que se segue à entrega das chaves. Na pesquisa realizada junto aos escritórios de arquitetura, esse fato foi explicitamente citado e confirmado por essas mesmas fontes. Assim, o horizonte temporal desses gastos estende-se por três anos após o encerramento das obras”, pontua o estudo.
ESTUDO
O estudo contou com pesquisa realizada pela Ecconit, empresa contratada para realização deste estudo junto a escritórios de arquitetura especializados nas atividades pós-obra – desde as reformas de adequação até as atividades de decoração. Os resultados revelaram que, em termos médios, esses gastos correspondem a 25%, 15% e 10% do valor dos imóveis, considerando-se residências de alto e médio padrão e as habitações populares, respectivamente.