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Economia Terça-feira, 15 de Junho de 2021, 10:15 - A | A

Terça-feira, 15 de Junho de 2021, 10h:15 - A | A

DIAS PIORES VIRÃO

Crise no mercado da carne deve se agravar ainda mais na entressafra

Previsão de piora na oferta de gado para abate aumenta preocupação dos frigoríficos brasileiros, que ainda lutam para administrar a pior crise de produção dos últimos nove anos. A falta de animais fez com que a taxa de ociosidade das plantas frigoríficas atingisse, até abril, uma média de 45%. Segundo especialistas, o cenário até o fim do ano aponta para uma piora neste quadro, com a chegada da entressafra.

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A projeção é feita pelos engenheiros agrônomos da Scot Consultoria, empresa também responsável pelo levantamento dos dados no setor. De acordo com eles, a combinação entre escassez de matéria-prima, aumento de custos e um mercado interno enfraquecido já levou os frigoríficos brasileiros a reduzirem em mais de 45% sua produção neste ano. No 1º quadrimestre de 2021, a taxa de ociosidade subiu 94% em relação ao mesmo período de 2020.

O cálculo da taxa de ociosidade dos frigoríficos considera a capacidade de abate diária dos estabelecimentos e a quantidade de cabeças efetivamente abatidas por dia, em porcentagem. “Nos últimos tempos essa quantidade de gado não tem sido suficiente para ocupar a capacidade de abate dos frigoríficos”, apontam Alcides Torres e Eduardo Seccarecio.

As regiões mais críticas foram observadas nos estados da Bahia (53%) e Maranhão (52%), que superaram a média nacional de 45%. Em situação ‘menos pior’ que a nacional estão apenas dois estados, Minas Gerais e Mato Grosso, onde a indústria tem operado com ociosidade de 37% e 38%, respectivamente.

Em curto prazo, o setor contará com o aumento da oferta de animais para o abate, já que a causa dessa retração vem da retenção de fêmeas, as chamadas matrizes, para a produção de bezerros. A preservação das fêmeas acontece porque a geração de bovinos para a reposição do rebanho está compensando mais para os produtores.

“Pode-se dizer que a quantidade de machos que vai para o abate é relativamente regular todos os anos e o que varia é a oferta de fêmeas. Menos vacas indo para o abate, menor oferta de cabeças no mercado”, explicam os analistas da Scot.

As exportações e o consumo interno também têm jogado contra o mercado da carne. Os envios para fora caíram nos cinco primeiros meses deste ano e, no mercado interno, a proteína está cada vez menos acessível para as famílias.

“O volume de carne bovina in natura exportada caiu em relação ao mesmo período de 2020, diminuindo, em função disso, a necessidade da compra de boiadas. Com relação ao consumo de carne no mercado interno, outro fator que influi na ociosidade, não se espera grandes avanços, pois a vacinação da população brasileira contra a covid-19 deverá se estender até o final do ano, não dando refresco para as dificuldades econômicas vigentes, com desemprego e queda de renda”, aponta o relatório.

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