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Economia Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2021, 11:25 - A | A

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PREPARE O BOLSO

Mato Grosso pode ter o maior reajuste do país na conta de luz

Priscilla Silva

A conta da energia elétrica deve ficar até 21,2% mais cara entre nos estados do Centro-Oeste. A projeção faz parte de um estudo feito pela TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, divulgado nesta semana. O estado de Mato Grosso é um dos que pode ter um aumento acima da média nacional. Atualmente, o estado ocupa o 11º lugar no ranking de tarifa residencial convencional (sem tributos e encargos), de um total de 53 concessionárias do país.

Conforme o estudo, o reajuste tarifário de 21,2% previsto o Centro-Oeste brasileiro é o maior do país, que em média deverá ser de 14,5%. A projeção foi calculada por meio do Serviço para Estimativa de Tarifas de Energia (Sete), que considera dados de todas as 53 distribuidoras do país, além de sete permissionárias.

O principal vilão do aumento das tarifas é o serviço de distribuição de energia. Estima-se incremento de 15,5%, sendo 4,5 pontos percentuais da alta média.

“Esse aumento do custo do serviço de distribuição é fortemente pressionado pelo IGP-M, que ficou em 23,14% no ano passado. Nesse sentido, vale observar que uma parte das distribuidoras têm suas receitas reajustadas pelo IGP-M e a outra parte pelo IPCA (que fechou o ano em 4,52%)”, alerta a empresa autora do estudo.

Em Mato Grosso, os reajustes tarifários ocorrem sempre no dia 8 de abril de cada ano. A tarifa de energia elétrica é composta por custos da distribuição e transmissão, geração de energia, além de encargos e impostos.

Excepcionalmente no ano passado, a pandemia fez com que o aumento fosse adiado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o dia 1º de julho. O incremento aplicado na tarifa em 2020 foi de 2,47%.

Apesar de os cálculos preverem a correção da inflação, a concessionária responsável pelo serviço em Mato Grosso, Energisa, aponta que os reajustes da tarifa têm se mantido abaixo dos índices que medem a inflação.

“Nos processos de Reajustes Tarifários Anuais, a Aneel promove um reajuste na tarifa vigente a fim de corrigir seu valor pelo índice de inflação acumulado no último ano. Além disso, nesse processo a Aneel aplica um fator de ajuste que visa compartilhar com seus consumidores o ganho de eficiência obtido pela empresa e, com isso, diminuir o impacto do índice de reajuste anual”, explica a concessionária.

Atualmente, a parte dos custos que cabem à distribuidora de energia representa 25,67% da composição da tarifa. “É por meio dessa parcela que a Energisa Mato Grosso distribui energia a todos os clientes, paga funcionários, fornecedores e prestadores de serviço, mantém e amplia a rede e os sistemas elétricos, além de investir na modernização e melhoria crescente da qualidade dos serviços prestados”, afirma a concessionária.

Conta-covid também vai pesar

Os dados da pesquisa também apontam um segundo fator que deve pesar no aumento da energia: o custo com a compra de energia, que aumentou 9,5% em relação a 2020.

“Esse aumento se deve ao fato de que a maior parte dos custos financeiros que as empresas teriam repassado às tarifas em 2020, em decorrência da sobrecontratação de energia e da queda do mercado, ter sido coberta pelo empréstimo associado à Conta-Covid e o seu pagamento, em cinco parcelas, ter início em 2021”, justificam os autores da pesquisa.

A linha de crédito conta-covid foi criada para que as distribuidoras de energia tivessem acesso a recursos financeiros necessários para compensar as perdas de receita na pandemia e honrassem seus contratos.

O volume total financeiro dos empréstimos alcançou o valor de R$ 14,8 bilhões. Das 53 concessionárias de distribuição existentes no país, a Energisa Mato Grosso e outras 49 formalizaram o pedido de empréstimo.

O último componente que deve interferir na alta da tarifa é o aumento no custo do serviço de transmissão. “Isso porque as empresas que passam por evento tarifário no primeiro semestre de 2021 devem ter reconhecido nas tarifas o aumento aprovado pela Aneel em julho de 2020, que elevou a receita de transmissão para o segmento de consumo em mais que 44,5%, tendo passado de R$ 10,4 bilhões para R$ 15 bilhões”, diz o estudo.

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