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Economia Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2021, 10:53 - A | A

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PESOU NA BOMBA

Nova alta dos combustíveis inflama caminhoneiros de Mato Grosso

Priscilla Silva

Os mais de 60 mil caminhoneiros autônomos que atuam em Mato Grosso serão os primeiros a pagar a conta pelo do novo aumento do diesel, anunciado ontem (18) pela Petrobras. A partir desta sexta-feira (19), começam a ser aplicados nas refinarias os reajustes de 15,2%, no preço do diesel e 10,2% na gasolina. As novas altas ocorrem uma semana depois de o governo federal enviar ao Congresso um projeto de lei para alterar a cobrança do ICMS. 

Com os novos reajustes, as refinariam passam a vender o litro da gasolina por R$ 2,48 e o diesel por R$ 2,58. As aplicações dos reajustes são de R$ 0,23 e de R$ 0,34, respectivamente.

O comunicado da terceira alta do diesel deste ano pegou os pequenos transportadores de surpresa. Para a classe, o gasto com combustível consome a maior parte dos lucros que eram previstos para o frete neste início do ano.

“Até tinha uma greve prevista para o dia 1º deste mês, mas que nesse momento não ganhou força por falta de adesão dos transportadores autônomos. Somos nós [pequenos transportadores] os principais afetados pelo preço do combustível, pois as grandes transportadoras não estão preocupadas com isso, já que elas têm contrato futuro”, apontou Edgar Augusto Laurini, presidente da Associação de Proprietários de Caminhões e Transportadores de Cargas de Tangará da Serra.

Edgar lembra que estamos no período da colheita da soja 2020/21, que está atrasada em razão do clima, totalizando 22,26% de área colhida até a última semana. Todos os anos, é neste período que a demanda por transporte aumenta e os caminhoneiros autônomos conseguem melhorar seus ganhos.

“É normal que no pico da safra ocorra um aumento do frete, por causa da demanda, que é maior do que a oferta de caminhões. Mas com esses aumentos, estamos tirando [a soja] da lavoura para os armazéns quase de graça. A carga desse custo atinge o produtor, mas é a gente que paga”, pontua Edgar.

Apesar da pressão causada pelos frequentes reajustes do diesel, Edgar não vê espaço para mobilização de uma nova greve. Atualmente a entidade representa cerca de 3 mil trabalhadores da região norte.

“É improvável que Mato Grosso participe de uma greve. Além de estarmos em uma época de colheita de safra, temos a pandemia e o pequeno produtor rural, o qual seria muito prejudicado. Todos estão reclamando, mas não sei até onde isso vai, pois, para fazer uma greve, é preciso da força do caminhoneiro autônomo. Hoje temos mais de 60 mil no estado e são eles que fazem a economia local girar, eles que fazem os transportes de curta distância e abastecem as cidades”, ressalta Edgar.

MUDANÇAS NA TRIBUTAÇÃO

Há uma semana, o presidente enviou ao Congresso o projeto de lei complementar 16/2021, que prevê uma alíquota única nacional para a cobrança do ICMS sobre os combustíveis, com base no preço da refinaria. O projeto prevê o repasse do imposto cobrado nas refinarias para o estado onde ocorreu o consumo.

Caberá ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) definir as alíquotas no ICMS sobre combustíveis, que deverão "ser uniformes em todo o território nacional e poderão ser diferenciadas por produto". Ainda de acordo com o projeto, qualquer aumento no valor do tributo só entrará em vigor 90 dias depois de anunciado. A intenção da proposta é dar previsibilidade e estabilidade ao consumidor final.

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