A Petrobras anunciou quatro reduções no preço da gasolina desde a última troca de presidente, em 21 de junho, mas apenas dois reajustes no diesel, combustível que tem mais peso na economia, por impactar diretamente no custo logístico. O mais recente reajuste foi a redução de 25 centavos no preço de venda da gasolina às distribuidoras, que entrou em vigor nesta sexta-feira, 2 de setembro.
O economista Vivaldo Lopes avalia que a companhia está atuando eleitoralmente e tenta demonstrar para o público que está reduzindo preços.
“A Petrobras está cravando um pé em cada canoa, baixando a gasolina, dando a entender que está reduzindo os preços dos combustíveis, mas não reduz no diesel, onde ela ganha muito mais. Só que, para a sociedade, os efeitos positivos da redução do diesel seriam infinitamente maiores do que na gasolina”, afirma Vivaldo, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
Vivaldo já havia previsto, em entrevistas anteriores, que a Petrobras passaria a reajustar os preços de 15 em 15 dias, o que se concretizou. Os reajustes praticados pela empresa aconteceram nos dias 20 e 29 de julho, além de outros dois reajustes no dia 16 de agosto e 2 de setembro. E, mesmo com o reajuste mais recente, a petroleira ainda tem margem positiva para promover novas reduções de preços.
Segundo o relatório do PPI da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) divulgado nesta sexta-feira, o preço da gasolina da Petrobras está 21 centavos mais caro que no mercado internacional, em média. O diesel também opera com a mesma defasagem de preços, indicando margem para novas reduções.
“A Petrobras não está reajustando como deveria”, diz Vivaldo, afirmando que a companhia não quer abrir mão de seus altos lucros.
“Como o preço do petróleo mundialmente estabilizou próximo de 100 dólares e o dólar aqui no Brasil está comportado, em torno de R$ 5, permitiu que a Petrobras pudesse encurtar o período de redução dos preços. Mas, a minha leitura é que ela encurtou mais por questões eleitorais do que a política de paridade de preços”, afirma.
Crítico da atual política de preços da companhia, que leva em consideração apenas o preço do petróleo no comércio internacional e o câmbio, Vivaldo reitera que essa política só deve mudar caso o candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT) ganhe as eleições. O plano de governo do petista prevê a mudança da política de preços da Petrobras.
“Ele [Lula] vai trazer a política de preços da Petrobras para um tipo híbrido, que vai levar em consideração os preços internacionais do petróleo, mas vai levar em consideração os preços nacionais”, aponta o economista.
Já o presidente Bolsonaro não afirmou se pretende mudar a política de preços, o que dá a entender, avalia Vivaldo Lopes, que o presidente pretende manter a atual política, que deixa os brasileiros reféns do cenário internacional extremamente globalizado. Isso porque o governo federal tem sido bastante beneficiado com os lucros da Petrobras, já que é o principal acionista da petroleira.
O economista defende que a política de preços passe a ser híbrida, levando em consideração apenas o que o Brasil importa de diesel, em torno de 25%, e de gasolina, que é menos de 10%.