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Economia Terça-feira, 23 de Março de 2021, 10:11 - A | A

Terça-feira, 23 de Março de 2021, 10h:11 - A | A

LEITE DERRAMADO

Produtores de leite mantêm greve pelo 5º dia

Priscilla Silva

Insatisfeitos com a desvalorização do leite, produtores da região Oeste de Mato Grosso paralisaram as atividades há cinco dias. O grupo pede que a indústria local reveja os valores pagos de janeiro a abril de 2021 e renegociem os que serão pagos em maio.

Durante reunião on-line no último domingo (21), dos 37 produtores presentes, 34 votaram para a manutenção da greve do leite na região. De acordo com a Associação de Produtores de Leite do Oeste de Mato Grosso (APLO), as entregas de leite para a indústria seguem suspensa por tempo indeterminado.

“Continuamos a reivindicar a devolução dos R$ 0,20 centavos que o laticínio nos tirou de janeiro. Queremos que seja mantido o preço do leito pago em março e abril; e também renegociar os valores de maio. Precisamos ser vendedores de leite e não entregadores de leite”, declara a entidade.

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço do leite pago ao produtor em janeiro de 2021, referente ao volume captado em dezembro do ano passado, ficou cotado a R$ 1,73 por litro. Já o preço médio do leite pago ao produtor em fevereiro – relativo ao volume captado em janeiro – foi de R$ 1,63/l, recuo de 5,72% no comparativo mensal. “Isto porque, além da maior produtividade das vacas em lactação, a demanda interna recuou em Mato Grosso”, justifica o Imea.

A queda no consumo interno do leite é apenas um dos fatores que tem provocado a redução do preço do leite pago ao produtor, conforme explica a entidade que representa os produtores de leite no estado, Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite).

“O preço do leite está ruim para nós, mas isso é um cenário nacional. Muitas regiões [de Mato Grosso] estão apreensivas porque os insumos para a produção estão caros. Outro ponto é que a safra está acabando e em outros anos o preço dava uma reajustada em fevereiro e março, porém, neste ano, o que está acontecendo é o contrário [os preços] estão caindo”, pondera Dolor Vilela, presidente da Aproleite.

A situação atípica para o momento, vem de combinações como a estiagem prolongada registrada em 2020 e o fim do pagamento do auxílio emergencial pelo governo federal. “Depois da seca, o pasto, quando veio, deu muita praga e impactou na produção. Porém, acreditamos que com retorno do pagamento do novo auxílio, ocorra um aumento do consumo no estado”, prevê Dolor.

No ano passado, o programa de distribuição de renda causou um aumento de consumo e valorização de produtos lácteos.

Sobre a paralização realizada por produtores da região Oeste do estado, a entidade estadual ressaltou o momento difícil vivenciado, principalmente, pelo pequeno agricultor.

“Todo movimento pacífico é legitimo e justo. O que esperamos é que o cenário atual mude, o que dependemos da reação do mercado, pois é ele que determina os preços”, argumenta Dolor.

CUSTO DE PRODUÇÃO

O custo de produção da cadeia leiteira em Mato Grosso teve um incremento de 7,16% no comparativo anual de 2020 ante a 2019, fechando com uma média de R$ 1,04 por litros. Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Imea.

“Esse acréscimo foi puxado, principalmente, pelo gasto com a aquisição de animais, que registrou aumento expressivo de 70,22%, no mesmo comparativo, influenciado pelo atual momento do ciclo pecuário, em que a oferta de fêmeas segue restrita no mercado interno”, explicou o instituto.

Os acréscimos nas cotações dos principais insumos, como o milho e o farelo de soja, as despesas com a suplementação animal foram os que mais pesaram para o produtor.

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