A questão já era debatida há alguns anos, mas cientistas conseguiram, pela primeira vez, confirmar a presença de microplásticos dentro da placenta humana. Um estudo sobre o caso foi publicado na revista científica Environment International na quarta-feira (9/12).
A equipe formada por especialistas do hospital Fatebenefratelli, de Roma, e do hospital Politécnico da região italiana de Marcas, analisou as placentas de seis mulheres saudáveis, que tinham entre 18 e 40 anos, com gestações normais e que permitiram o uso de seus dados na pesquisa.
Segundo a pesquisa, com a presença de fragmentos plásticos na placenta, o sistema imunológico é alterado e reconhece como seu aquilo que não é orgânico.
“É como ter um bebê ciborgue: não é mais composto só de células humanas, mas uma mistura entre a entidade biológica e entidades não orgânicas”, esclareceu o autor do estudo e diretor da obstetrícia e ginecologia do Fatebenefratelli, Antonio Ragusa.
Os especialistas utilizaram um método do espectrômetro Raman, com o qual identificaram nas placentas 12 fragmentos de material artificial, partículas que tinham entre 5 e 10 mícrons: quase o tamanho de um glóbulo vermelho ou de uma bactéria, por exemplo.
Mães chocadas
Do total de fragmentos, três foram identificados como polipropileno e nove de material sintético pintado, derivado de produtos cosméticos, como esmalte para unhas, cremes para rosto e corpo e adesivos em geral. Os resultados da pesquisa, aprovadas pelo comitê ético, deixaram as mães chocadas.
Ainda de acordo com o estudo, as partículas foram localizadas na parte da placenta presa ao feto, na parte presa ao útero e dentro de membranas que envolvem os fetos.
Os pesquisadores agora buscam avaliar como os microplásticos entram no organismo humano e chegam até a placenta e as consequências da presença de fragmentos de microplásticos para os bebês.