Uma pesquisa feita por médicos do hospital Albert-Schweitzer de Colmar, no nordeste da França, mostrou que o coronavírus já circulava na Europa em novembro de 2019. O estudo corrobora a afirmação da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgada na terça-feira (9/2), de que não há evidências suficientes para apontar a cidade chinesa de Wuhan como epicentro da pandemia de Covid-19. O trabalho foi publicado na revista científica European Journal of Epidemiology.
Os pesquisadores analisaram radiografias do tórax de pacientes admitidos a partir de outubro de 2019 com problemas pulmonares severos. Um dos participantes, hospitalizado em novembro, apresentou lesões típicas do novo coronavírus. Antes, acreditava-se que o primeiro caso de Covid-19 na França havia ocorrido em janeiro de 2020.
A partir daí, os cientistas passaram a investigar 9.144 amostras sanguíneas de voluntários de um programa epidemiológico francês em vigor desde 2012 — portanto, sem nenhuma conexão com a Covid-19. Os pesquisadores encontraram o novo coronavírus nas amostras sanguíneas de 13 pessoas: 10 em novembro de 2019 e 3 em janeiro e fevereiro.
Os resultados sugerem, de acordo com o trabalho, que, de novembro a dezembro de 2019, a taxa de contaminação na população francesa foi da ordem de um caso de Covid-19 por mil.
Dos 13 pacientes que testaram positivo para Sars-CoV-2, 11 responderam a um questionário da Agência de Saúde Pública da França com detalhes sobre o que poderia ter causado a contaminação. A maioria dos casos era de pessoas que viajaram ou tiveram contato com conhecidos doentes.
Agora, o objetivo dos pesquisadores é investigar se há indícios da Covid-19 na França em períodos anteriores a novembro de 2019. Para isso, a equipe usará amostras de sangue de mais de 200 mil voluntários, cedidas pelo programa epidemiológico usado como base para este primeiro estudo.