A pandemia do novo coronavírus fez com que muitos lançamentos de filmes fossem adiados. É o caso de 'A Menina que Matou Os Pais' e 'O Menino Que Matou Meus Pais', que têm como tema central o assassinato do casal Richthofen encomendado pela própria filha, Suzane von Richthofen, e os irmãos Daniel e Christian Cravinho.
A CCXP Worlds convidou os roteiristas dos filmes, o escritor Raphael Montes e a criminalista Ilana Casoy, e a atriz Carla Diaz, que interpreta Suzane nos longas, para falar sobre novidades e o processo de criação do filme.
Montes e Casoy já haviam trabalhado juntos no livro 'Bom Dia, Verônica', que esse ano fez sucesso com sua adaptação na Netflix. Eles repetem a parceria para trazer duas percepções diferentes sobre o Caso Richtofen, que ocorreu em 2002.
Ao passo que Montes tem a expertise da ficção, Casoy esteve envolvida nas investigações do crime na vida real. Ela passou 15 anos na investigação e tinha conhecimento profundo sobre o processo, o que ajudou a remontar as duas versões para os filmes. A ideia original era contar tudo em um filme só, mas a produtora gostou tanto da ideia que decidiu que seria mais interessante se a história fosse dividida em duas partes.
Montes e Casoy comentaram sobre o processo criativo para a realização dos roteiros. O escritor afirma que foi preciso criar pontos dramáticos diferentes nas versões de Suzane e de Daniel.
“A gente separou as cenas pilares, que são as que ambos concordam, cenas que existem só em uma versão, as que aparecem nas duas. Tivemos que fazer escolhas para poder fazer o filme, em qual deles colocaríamos o quê”, conta Montes. Casoy chama esse processo de “quebra-cabeça”. “Nosso quadro de trabalho é um enigma”, brinca.
Carla contou que sabia que o filme seria desafiador desde o início, quando topou fazer o teste para o papel de Suzane. Ao mesmo tempo, ela se motivou por saber que era uma personagem que, artisticamente, a instigaria.
“Mergulhei profundamente no processo de preparação da personagem. Foi uma busca muito grande em livros e reportagens, só que em um primeiro momento eu precisei me distanciar do caso real e que me isentar do meu julgamento pessoal sobre esse crime que é tão cruel”, afirma a atriz.
Outro desafio que ela precisou enfrentar foi o fato de precisar gravar a mesma cena em pontos de vistas diferentes em intervalo muito curto de tempo. As duas versões eram, geralmente, gravadas na mesma hora. “Eu tinha que me desligar muito rápido de uma versão para rodar a próxima, às vezes até da mesma cena”, conta.
Na preparação, Carla teve acesso ao processo, fotos, vídeos, documentos e mergulhou em reportagens e livros, incluindo ‘Casos de família: 01. Arquivos Richthofen, 02. Arquivos Nardoni’, escritos por Casoy.
Raphael, por outro lado, preferiu não revisitar o processo e focar na parte técnica do roteiro. “Eu só tive acesso aos áudios do processo e do júri. Acho que Ilana tinha todo esse conhecimento e, por mais que eu estudasse, nunca conseguiria suprir o conhecimento dela”, afirma o escritor. O filme não tem data de estreia definida.