O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação de Rosely Pereira Monteiro, de 54 anos, por invasão e destruição à sede dos Três Poderes, em Brasília. A moradora de Colíder foi presa em flagrante durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A defesa pediu pela absolvição da acusada, mas os argumentos não convenceram o ministro. Moraes, que é o relator do caso, votou por condená-la a 17 anos de prisão.
“Diante de todo o exposto, rejeito as preliminares, e julgo procedente a ação penal para condenar a ré Rosely Pereira Monteiro à pena de 17 (dezessete) anos, sendo 15 (quinze) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 1 (um) ano e 6 (seis) meses de detenção e 100 (cem) dias-multa, cada dia multa no valor de 1/3 (um terço) do salário mínimo”, votou o relator.
Moraes ainda votou pela condenação de Rosely ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos, valor que será dividido entre os outros condenados.
Para sustentar o voto, o relator explicou que, além da prisão em flagrante, as provas do caso foram retiradas das trocas de mensagens da própria acusada com outros membros do grupo que invadiu o Palácio do Planalto.
Em áudios resgatados por investigadores nos grupos de WhatsApp, Rosely afirma que estava acampada e que estava trabalhando como voluntaria em frente aos QGs do Exército, o que demonstra a plena ciência dos atos praticados.
“A gente tava no QG... eu tava lá ajudando na cozinha desde a segunda-feira... eu só fiquei pra trás porque eu tinha arrumado pessoas amigas aqui né... fiquei sozinha... o povo que eu vim foi tudo embora... aí quando é hoje... nós tamo (sic) aqui em Brasília para a caminhada no Congresso”, diz trecho de áudio.
Em outra mensagem de áudio recuperada, a acusada narra a invasão da Esplanada e conta que chegaram várias caravanas de pessoas na madrugada do dia 8 de janeiro para invadir Brasília. No mesmo aúdio, Rosely informa que a Polícia Militar estava protegendo eles.
Após a invasão e a contenção dos atos golpistas, um áudio gravado por volta de 17h40 mostra, pela primeira vez, arrependimento no intuito golpista.
“Lilian não deu certo a invasão ... tô sendo presa agora... ô conversando dentro da mochila o celular”, diz mensagem de áudio.
Além desses áudios, a acusada também fez gravações sobre a invasão e assumiu para as autoridades policiais que foi à Brasília com o objetivo de "salvar o Brasil" do novo governo, de Lula (PT).
“[Ela disse] que veio para protestar contra o novo governo, para tentar salvar o Brasil de um governo que quer acabar com a família, pela proteção das gerações futuras, pela manutenção das igreja, para proteger seus filhos e netos, para impedir as mulheres e crianças de se tornarem escravas sexuais”, diz trecho de voto.
Diante de todo esse material, Moraes entende que a ação de Rosely foi pensada e está comprovado que ela veio à Capital Federal para invadir os prédios públicos e a Praça dos Três Poderes.