Uma brasileira de Santos, no litoral paulista, que mora em Londres, na Inglaterra, relata que, apesar de esperançosa pela vacina contra a Covid-19, que vem sendo administrada no Reino Unido, presencia um cenário "assustador e preocupante", com o anúncio de novo lockdown e crescimento dos casos de coronavírus. Renata Formoso, de 36 anos, afirma que o momento é de muita cautela para toda a população.
Lockdown no Reino Unido: Os números alarmantes que fizeram o país decretar novo confinamento
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira (4) um novo lockdown na Inglaterra, instruindo as pessoas a ficarem em casa com o objetivo de tentar conter uma variante mais contagiosa do coronavírus, identificada recentemente.
A medida passou a valer nesta terça-feira (5), coincidindo com o tempo em que as primeiras doses da vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca são administradas no Reino Unido. Pouco mais de meio milhão de doses ficaram disponíveis a partir desta segunda, no que Matt Hancock, secretário de Saúde, descreveu como um "momento crucial" na luta do Reino Unido contra o coronavírus.
Conforme Renata relata ao G1, uma amiga que trabalha no departamento de comunicação de um hospital revelou que o Serviço Nacional de Saúde (United Kingdom National Health Service) fez um apelo a todos os funcionários, de todos os departamentos das unidades hospitalares, para que os profissionais que puderem façam hora extra e ajudem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
"Eles pediram para todos os departamentos ajudarem na linha de frente, na UTI, para serviços como falar ao telefone com famílias de internados, na parte administrativa, e com a vacina. Minha amiga trabalha de casa, mas está indo todos os fins de semana para atender telefone na área da UTI, porque não para de tocar, e o setor está lotado. Ela falou que está assustador, nunca viu uma coisa parecida. Me disse que os hospitais estão sofrendo uma pressão 40% maior do que no pico lá de abril".
De acordo com a brasileira, durante o mês de Natal, quando acabou o lockdown e as lojas abriram, muitas pessoas passaram a se reencontrar e fazer compras. Por isso, apesar de esperançosa com a vacina, ela afirma que a família já imaginava que medidas mais restritivas poderiam ser retomadas.
"A nossa esperança continua, que é de que, lá para o meio do ano, a gente comece a voltar a ter uma vida um pouco mais normal. Só não esperávamos que fosse chegar a esse alto número de casos da doença como está hoje. Está assustador e preocupante, realmente, mas a esperança continua", diz.
Entre as restrições definidas no terceiro lockdown na Inglaterra, está a que determina o fechamento imediato de escolas, que migraram para o ensino remoto de forma integral até, pelo menos, meados de fevereiro.
Renata afirma que entende a necessidade das restrições para evitar a proliferação do vírus, mas, como grande parte da população, a família sente os impactos da decisão. Muitos pais trabalham de casa, como é o caso dela, e o filho pequeno continua sem aulas presenciais.
"Essa é uma parte difícil de conciliar, a sorte é que meu marido, devido ao apoio financeiro do governo nessa época de pandemia, tem tempo livre para ajudar a cuidar do nosso filho. Muitas pessoas que trabalham não podem fazer nada no lockdown, como os donos de lojas, cabeleireiros, manicures, e isso impacta financeiramente para eles. Acho que esse é o principal impacto na população", diz.
Recentemente, os números da Covid-19 voltaram a explodir no Reino Unido — mais de 200 mil casos novos por semana. O novo crescimento de casos foi atribuído a uma nova variante do vírus, que surgiu em outubro no Sudeste do país. Especialistas dizem que essa mutação é 70% mais contagiosa.
"Estamos muito preocupados com essa nova variante, porque ela se espalha realmente muito mais rápido. Eu espero, do fundo do meu coração, que a situação daqui não aconteça no Brasil, pois aí muitas pessoas agem como se não houvesse mais pandemia", finaliza Renata.