Com quase 132 anos, a Torre Eiffel passa pela maior reforma de sua história e se prepara para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.
A famosa Dama de Ferro, um dos monumentos mais visitados do mundo antes da pandemia do novo coronavírus, vai perder o tom castanho que a cobria desde 1968. Agora, o edifício de 324 metros, símbolo da capital francesa, vai recuperar a cor amarelada desejada por seu criador, Gustave Eiffel.
Os trabalhos de reforma, iniciados em 2019, devem terminar em novembro de 2022. O canteiro de obras é considerado colossal nos detalhes, devido aos cuidados requeridos pela pintura das 18 mil peças da estrutura, que são conectadas por 2,5 milhões de rebites.
O custo dos reparos é estimado em € 50 milhões (cerca de R$ 320 milhões). A operação exige um protocolo sanitário reforçado, por causa da presença de chumbo nas camadas inferiores de tinta.
O próprio Gustave Eiffel (1832-1923) já previa uma degradação do monumento, recomendando uma pintura a cada sete anos. Um ritmo que tem sido respeitado desde então, sendo que, desta vez, haverá uma mudança de tonalidade.
O diretor da Sociedade para a Exploração da Torre Eiffel (Sete), Patrick Branco Ruivo, comentou a mudança de tom. "A torre terá um aspecto mais dourado, coincidindo com os Jogos Olímpicos", disse. Essa nova tonalidade já pode ser vista no topo do monumento. "Não é uma grande mudança, mas com um lindo céu azul ao fundo, cria alguns reflexos metálicos e brilhantes", acrescentou.
A reforma vai aproximar o monumento de suas origens. Pois mesmo se quando foi apresentada na Exposição Universal de 1889, a Dama de Ferro era avermelhada, a cor imaginada no projeto por seu criador era mais próxima do ocre.
Eiffel havia escolhido o ocre para sua obra, "para combiná-la com a visão geral de Paris, uma cidade construída principalmente em pedra calcária", explica Pierre-Antoine Gatier, o arquiteto responsável pelos monumentos históricos franceses.
Monumento fechado devido à pandemia
Atualmente, a Torre Eiffel, assim como outros importantes monumentos de Paris, continua fechada por causa da epidemia de Covid-19. Com isso, a dança de turistas deu lugar às manobras dos pintores, enquanto o som do raspador substituiu o flash dos celulares.
Dezenove camadas sucessivas de tinta estão sendo removidas. Esta semana os pintores se concentram no arco sul da estrutura, a parte que fica em frente ao Campo de Marte, a mais degradada pelo sol e pela chuva.
Centenas de metros acima do solo, equipados com arreios, ferramentas e uma lata de tinta, os pintores pulam de uma peça para outra. "Na maioria das vezes, nos movemos como se fosse um circuito de arvorismo", explica Antoine Olhagaray, um pintor de 22 anos especializado em trabalhos em altura.
"Não é todo dia que você tem a oportunidade de trabalhar a uma altura de 300 metros", acrescenta seu colega Charles-Henry Piret. "Ainda mais com esta vista".