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Opinião Quarta-feira, 28 de Abril de 2021, 12:07 - A | A

Quarta-feira, 28 de Abril de 2021, 12h:07 - A | A

EDITORIAL - 28/04/2021

Autossabotagem

A vacinação no Brasil já andava a passos de formiga, mas sofreu um novo golpe na segunda-feira (26), quando o Ministério da Saúde admitiu que não conseguirá garantir a aplicação da segunda dose da Coronavac. O anúncio feito pelo ministro Marcelo Queiroga expõe mais um erro crasso na condução da pandemia por parte do governo federal, admitido pelo próprio ministro, ao lembrar que o Ministério da Saúde havia orientado, há cerca de um mês, a utilização de todas as doses disponíveis para inflar artificialmente o número de pessoas vacinadas com a primeira dose.

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Como tem sido desde o começo da pandemia, quem não seguiu a orientação do governo federal fez certo. Cuiabá é uma dessas cidades que preferiu agir com cautela própria e reservou as segundas doses para todos os vacinados. Por aqui, pelo menos, o esquema vacinal está garantido.

A orientação desacertada do Ministério da Saúde é mais um dos vários tropeços que o Brasil cometeu na condução da pandemia. O País poderia estar muito à frente na campanha de imunização, mas os esforços para garantir as vacinas ainda no ano passado foram sabotados pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que se recusou a fazer a compra de 70 milhões de doses da Pfizer. Só depois de muita pressão e ao ver que um de seus rivais políticos estava liderando uma campanha de vacinação em massa é que o comportamento do presidente mudou. Agora, o governo federal tenta correr atrás do tempo perdido e acabou fechando o acordo com a Pfizer. Só que o prazo é outro.

Enquanto o governo federal tropeça em seus próprios pés, os brasileiros são salvos da pandemia por quem ‘costura por fora’. A “vacina chinesa” criticada pelo presidente durante boa parte do ano passado é hoje o principal imunizante em uso no país, representando cerca de 72% das vacinas já distribuídas até agora. Outros governadores também tentaram tomar para si a responsabilidade de garantir vacinas, mas acabaram esbarrando em um problema técnico e aguardam a solução para conseguir seus 29 milhões de doses da Sputnik V.

A esperança de vitória sobre a pandemia hoje reside em um projeto de lei que permitirá às fábricas de produtos veterinários produzir a tal “vacina chinesa” em escala industrial, atendendo todas as recomendações da Anvisa. Se tudo der certo e não houve outra autossabotagem, o Brasil poderá ter 400 milhões de doses de vacinas em até 90 dias, suficiente para dar adeus a esse triste período de nossa história.

O que nos resta é a esperança de que isso se concretize.

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