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Opinião Sábado, 01 de Maio de 2021, 12:15 - A | A

Sábado, 01 de Maio de 2021, 12h:15 - A | A

EDITORIAL 01 E 02/05/2021

Conta-gotas

Enfim vemos uma aceleração no Programa Nacional de Imunização contra a covid-19, embora ainda estejamos muito longe do ideal. O Brasil recebeu 7,9 milhões de doses de vacina nas últimas 24h, o que dá certo alívio, pois permitirá imunizar pelo menos 3,9 milhões de brasileiros nos próximos dias. A conta-gotas as vacinas vão chegando e damos pequenos passos na vitória sobre o vírus. Ainda assim, é difícil digerir a dura derrota que nós, mato-grossenses, sofremos no começo desta semana com a negativa da importação da Sputnik V.

A recusa da Anvisa à vacina russa virou assunto internacional e dividiu opinião de especialistas dentro e fora do país. O principal motivo para a rejeição foram os documentos apresentados pelo próprio Fundo Soberano Russo, responsável por negociar a vacina, que apontavam a presença de um vírus causador do resfriado comum em meio ao imunizante. O Instituto Gamaleya, que fabrica a vacina, nega a presença dos tais adenovírus, o que levou o governo russo a subir o tom e ameaçar um processo contra a Anvisa.

Se os documentos dizem uma coisa e a autoridade que os escreveu diz outra, caberia a ‘prova dos nove’, que a Anvisa admitiu não ter feito. Digo: não foram feitos exames específicos para verificar a presença do adenovírus nos lotes da vacina fabricada. Restou o dito pelo não dito. A única certeza que temos é que essa história ainda vai dar muito pano pra manga, já que os governadores que compraram a Sputnik não estão dispostos a simplesmente aguardar o fornecimento das vacinas pelo Ministério da Saúde.

Uma nova prova virá nos próximos dias, pois a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) já concluiu a inspeção das fábricas da Sputnik V e está próxima de apresentar seu parecer. O resultado da análise da agência reguladora europeia é aguardado por várias nações do Velho Continente, como Alemanha e Áustria, que também veem na vacina russa uma oportunidade de acelerar seus próprios programas de imunização.

Fato é que faltam vacinas em todo o mundo e a crise pode se intensificar com o agravamento da pandemia na Índia, onde está localizado a maior fábrica de vacinas do mundo. Diante desta situação, se torna cada vez mais urgente a aprovação do projeto de lei que permitirá ao Brasil produzir o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e a fabricação de vacinas nas indústrias de medicamentos veterinários. A matéria já foi aprovada no Senado, mas agora está parada na Câmara Federal.

Por hora, o vírus está ganhando essa guerra. Precisamos de todas as armas que nos permitam virar o jogo. Queremos crer que esse é o mesmo pensamento das autoridades públicas que coordenam o combate a pandemia no Brasil.

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