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Opinião Quinta-feira, 10 de Junho de 2021, 11:00 - A | A

Quinta-feira, 10 de Junho de 2021, 11h:00 - A | A

10/06/2021

Crescimento para quem?

A surpresa positiva da economia no primeiro quadrimestre durou pouco. Nesta quarta-feira (9), uma nova notícia abalou a confiança dos economistas: a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 8,06%. O resultado de maio, de 0,83%, é o maior já registrado para o mês desde 1996, quando chegou a 1,22%. Com isso, crescem as expectativas de que o ano de 2021 encerrará com a inflação acima do teto, como já apontavam alguns sinais desde o começo do ano.

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Segundo o IBGE, o maior impacto individual do mês veio da alta da energia elétrica (5,37%), que sozinha respondeu por 0,23 ponto percentual do IPCA em maio. Isso é motivado tanto pela bandeira vermelha 1 - que já foi substituída pelo patamar 2 - quanto pelos reajustes tarifários que aconteceram em vários estados brasileiros. Além da energia, também pesou a elevação dos preços de itens básicos para a população, como o botijão de gás (1,24%), gasolina (2,87%), etanol (12,92%) e óleo diesel (4,61%).

O pesquisador responsável pelo levantamento do IBGE, Pedro Kislanov, ressaltou que o setor de serviços apresentou deflação de 0,15% em maio, o que, segundo ele, demonstra que não há pressão nos preços por causa da demanda. Essa conjuntura leva alguns economistas a traçarem uma perspectiva de que a inflação se manterá alta nos próximos meses, pelo menos até novembro, podendo fechar o ano acima de 6%.

Enquanto a inflação esfola o trabalhador, o desemprego o esmaga. Raramente esses dois infortúnios acontecem ao mesmo tempo. Agora que o fazem, lançam o caos sobre a economia, principalmente para os trabalhadores mais pobres. Isso fica claro com o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras para famílias com renda até cinco salários mínimos. Em maio, o INPC atingiu 0,96%, a maior taxa para um mês desde maio de 2016, quando bateu 0,98%.

Os resultados de maio mostram que a ‘recuperação surpreendente’ do PIB no primeiro quadrimestre deste ano não incorpora a massa trabalhadora do Brasil, evidenciando mais um dos efeitos perversos da pandemia de covid-19: enquanto as famílias mais abastadas poupam e conseguem enriquecer, os pobres são jogados de volta à miséria e ao desemprego. É o país que cresce enquanto um em cada quatro de seus habitantes passa fome.

A desigualdade sempre existiu no Brasil, mas cresceu de forma assustadora durante a pandemia. Estamos todos na mesma tempestade, mas não no mesmo barco.

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