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Opinião Quarta-feira, 02 de Junho de 2021, 10:11 - A | A

Quarta-feira, 02 de Junho de 2021, 10h:11 - A | A

EDITORIAL - 02/06/2021

Emergência nacional

O agravamento da pior crise hídrica vivenciada pelo Brasil nas últimas nove décadas poderá fazer com o país enfrente problemas no abastecimento de energia elétrica a partir durante o segundo semestre, trazendo de volta à memória dos brasileiros as tenebrosas memórias do apagão de 2001. O temor foi reforçado com um alerta emitido pelo governo federal na semana passada, prevenindo contra a situação já emergencial em cinco estados que compõem a bacia hidrográfica do Rio Paraná, incluindo nosso vizinho Mato Grosso do Sul.

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O Ministério de Minas e Energia diz publicamente que não há risco de um novo apagão no país, mas seu gestor, o ministro Bento Albuquerque, admitiu que serão necessárias “medidas extraordinárias” para evitar uma crise energética no Brasil. Com extraordinárias, quis dizer mais do que a bandeira ‘vermelha 2’ levantada pela Aneel, para tentar frear o consumo mexendo no bolso dos brasileiros. Aumentará a demanda das térmicas, impactando duramente o preço da energia para todos, justamente no momento em que o país tenta se recuperar da crise econômica trazia pela pandemia de covid-19.

O eventual impacto dessa crise hídrica sobre a atividade econômica ainda é difícil de calcular, mas já lança uma sombra de incertezas sobre a recuperação da economia brasileira. O que é possível antever é um aumento na inflação, principalmente para as classes mais baixas, já que as medidas para conter a tal crise hídrica resultam em aumento do preço da energia. Ou seja, impactam diretamente o bolso dos trabalhadores.

Na iminência da crise hídrica, o Brasil vê o desmatamento crescer em todo o território, principalmente no Cerrado e na Floresta Amazônica. Esta última, aliás, bateu recorde de desmatamento por dois meses consecutivos em março e abril deste ano, perdendo quase mil quilômetros quadrados de floresta em apenas 60 dias. Não que esse desmatamento recente seja a causa de todo o problema, mas há uma relação óbvia e já constatada pela ciência de que a manutenção da cobertura florestal ajuda na reposição dos recursos hídricos.

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Além da óbvia necessidade de rever sua política de conservação ambiental, o Brasil precisa reavaliar sua matriz energética, estimulando de maneira mais firme a implantação de fontes alternativas e sustentáveis de energia. Neste sentido, Mato Grosso saiu na frente ao buscar um acordo com a Bolívia para fornecimento de gás natural a preços baixos, aliviando os custos e o potencial da crise energética para sua indústria.

Agora, aguardamos a resposta do Planalto para o problema nacional. Esta será a crise hídrica mais severa das últimas décadas, mas dificilmente será a última. É preciso dar respostas claras para que o Brasil não fique mais à mercê das termelétricas a cada vez que a estiagem se prolongar além do esperado. A excepcionalidade, como é tratada pelo Ministério de Minas e Energia, custa muito caro.

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