Em decorrência da pandemia do COVID-19, as escolas do município de Cuiabá estão com suas aulas presencias suspensas desde o dia 20 de abril de 2020.
Conforme países, estados e cidades foram fechando suas portas sob regime de quarentena e entendendo que o isolamento social era a melhor medida de proteção, as escolas precisaram se adaptar à nova realidade, e proporcionar educação remota.
O Decreto Nº 8.084, DE 2 DE SETEMBRO DE 2020, autorizou a retomada das aulas presenciais nas instituições privadas na capital apenas para crianças com até 4 anos de idade, uma vez que a gestão pública priorizou o entretenimento na baixada cuiabana, deixando a Educação Básica sem nenhum posicionamento.
Nessa segunda-feira, dia 04 de janeiro, diversas instituições privadas de Educação Infantil retomarão suas aulas presenciais em Cuiabá, cumprindo com todos os protocolos de biossegurança, atendendo crianças de até 4 anos de idade.
Conforme a empresária Isabelly Barros, proprietária de uma escola com metodologia britânica, presente em mais de 70 países, aponta que os danos causados nas crianças por conta da pandemia podem ser irreversíveis.
Esse cenário caótico e negligente prejudica expressivamente as crianças, uma vez que são obrigadas a aceitarem a situação. Entre as consequências do isolamento social prolongado, apontadas pelos médicos e diversos especialistas, estão os transtornos de sono, ansiedade, obesidade e danos causados pela exposição excessiva a telas. Frente a um contexto de tal complexidade como o que estamos vivendo, as instituições privadas já se mostraram preparadas para enfrentar a pandemia com responsabilidade, cumprindo com todas as exigências elencadas no protocolo de biossegurança.
É inadmissível insistirmos no cenário atual onde inúmeras crianças estão em casa, passando mês após mês desse período excêntrico frente a televisores e aparelhos eletrônicos, algumas acordando meio-dia e ficando até de madrugada assistindo a desenhos na TV, cuidadas por babás dotadas de boa vontade e afetividade, mas sem formação adequada, ou por pais bastante preocupados com os próprios filhos, mas igualmente desprovidos de condições para oferecer o que essa etapa de vida necessita.
Na adolescência esse cenário pode ser ainda pior, pois muitos deles desenvolveram hábitos compulsivos com as redes sociais, adolescentes colados no TIK TOK, YouTube, Instagram e WhatsApp o dia inteiro, sem tocar nas apostilas; meninos e meninas que ajudam a limpar a casa e a dar banho no cachorro para o tempo passar mais rápido.
Com a retomada gradual da economia, a população menos favorecida enfrenta uma situação frágil e caótica, pois sem condições de manter uma babá, precisam escolher o trabalho ou a segurança dos filhos em casa, uma vez que as creches estão fechadas. Acredito que não temos o direito de nos conformar com essa situação, mas a gestão pública necessita entender que a educação é um serviço essencial.
É inadmissível que o governo atrele o retorno das aulas presenciais da Educação Básica, com a vacinação da população, uma vez que as festas, bares, parques e o comércio em geral estão funcionando com fluxo expressivo de pessoas.
*Isabelly Barros é bióloga e doutoranda em Biologia.