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Opinião Terça-feira, 15 de Junho de 2021, 10:23 - A | A

Terça-feira, 15 de Junho de 2021, 10h:23 - A | A

EDITORIAL - 15/06/2021

Juventude desolada

Após manter-se por quase duas décadas com pouco mais de 50 milhões de jovens com idades entre 15 e 29 anos, o Brasil verá sua população jovem começar a reduzir a partir de 2021. Estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que o contingente jovem brasileiro pode chegar ao fim do século reduzido quase à metade de sua magnitude atual, diminuindo as possibilidades da prosperidade da nação. Assim, o País dará adeus ao ‘período áureo’ de sua pirâmide etária, quando se espera um ‘boom’ no crescimento econômico causado pela grande quantidade de mão de obra.

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O Brasil não desce a onda jovem sozinho. Até 2060, o percentual de jovens vai diminuir em 95% dos 201 países com projeções populacionais. Atualmente, o Japão tem o menor percentual de jovens do mundo (14,7%), seguido de perto por Itália (15%), Espanha (15,3%), Grécia (15,9%) e Portugal (15,9%). Mais do que refletir sobre o envelhecimento da população brasileira, precisamos pensar no futuro que estamos desenhando por meio dos jovens atuais. E é aí que ‘a coisa pega’. A satisfação dos jovens com a vida, que já vinha se deteriorando desde a recessão de 2016, se agravou com a pandemia.

A insatisfação é generalizada e as perspectivas de futuro da população jovem não são nada animadoras. A pesquisa revelou que 28% dos jovens brasileiros não tiveram dinheiro suficiente para comprar comida em 2020, número que tem crescido constantemente desde o quadriênio 2011-14, quando ‘apenas’ 16,8% dos jovens se encontravam nessa situação.

A autoavaliação geral da felicidade dos jovens brasileiros, captada pela média de satisfação com a vida no presente numa escala de 0 a 10, era 7,2 em 2013-14 e vem caindo desde então, chegando em 2020 com 6,4 pontos. Essa queda de 0,8 pontos ocorrida no Brasil é a 3ª mais alta na comparação entre 132 países, além de ser o nível mais baixo da série histórica sobre a satisfação com a vida da população brasileira.

Além da avaliação geral da vida, a pesquisa constatou que indicadores positivos (alegria) e negativos (preocupação e raiva) pioraram muito na grande recessão e na pandemia. Foi constatado que 41% dos jovens entre 15 e 29 anos estão satisfeitos com o sistema educacional em 2020, o menor nível da série história. Houve queda 375% maior no Brasil que num grupo de 40 países comparados, que funcionam como um grupo de controle.

Apesar dos resultados negativos, a pesquisa aponta um fator positivo no Brasil: o otimismo. Os pesquisadores apontam que os jovens brasileiros nutrem expectativas positivas para os próximos cinco anos, o que aponta para a tendência de um esforço geral para a transformação do cenário atual. Ainda assim, é uma necessidade urgente que nossos representantes políticos olhem com mais atenção a este público, dada sua relevância para o futuro da nação.

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