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Opinião Terça-feira, 06 de Abril de 2021, 10:54 - A | A

Terça-feira, 06 de Abril de 2021, 10h:54 - A | A

EDITORIAL - 06/04/2021

O flagelo do desperdício

Da Editoria

Sem Orçamento, sem rumo e, aparentemente, sem perceber o desastre que ocorre no dia a dia do brasileiro, a equipe econômica do governo federal deixou se perder a recuperação econômica iniciada no terceiro trimestre de 2020. Encerramos o ano com mais de 14 milhões de desempregados sem auxílio emergencial, que permanecem desalentados até hoje. E apesar da exclusão de milhões de pessoas do mercado consumidor, os preços no varejo continuam subindo, impondo ainda mais dificuldades a uma parcela significativa da população que mal consegue colocar um prato de comida à mesa.

Nos próximos dias o governo voltará a pagar o auxílio emergencial, com um valor pífio diante da real necessidade dos brasileiros e do alto custo da alimentação. Ainda assim, será possível dar um mínimo de chances para que essa parcela menos favorecida consiga, ao menos, comprar o arroz e feijão de cada dia.

Ainda assim, persistirá o desperdício da enorme massa de trabalhadores capazes. Somando os desempregados aos desalentados e a outros grupos de ‘subempregados’, chegamos ao total de 32,4 milhões de brasileiros subutilizados, totalizando 29% da população economicamente ativa. Importante frisar que esses dados dizem respeito ao trimestre móvel encerrado em janeiro deste ano, antes do impacto econômico trazido pelo colapso da rede de saúde brasileira, que levou ao fechamento de várias indústrias ao redor do país.

O baixo grau de emprego e de aproveitamento da mão de obra trazem um desafio extra à recuperação econômica, à medida em que as pessoas estão perdendo poder de compra e reduzindo o consumo, causando uma ‘espiral de encolhimento da economia’. Pior ainda é ver que o governo não tem recursos suficientes nem vontade de aplicar o pouco que tem para socorrer os trabalhadores neste momento tão difícil, o que tende a prolongar os efeitos dessa crise.

O resultado desse ‘desperdício’ é visível nas projeções do mercado para este ano. Pela quinta vez neste ano, os operadores do mercado reduziram a previsão para o nível da atividade econômica deste ano. Agora, o Banco Central aponta para um PIB de 3,17% ao fechamento do ano, em seu mais recente boletim Focus. A expectativa também não é das melhores em 2022, com previsão de crescimento de 2,33%.

A economia já andava mal, mas ganhou uma sobrevida com o auxílio emergencial e o pequeno alívio que vivemos entre as duas ondas de infecções. A persistência do alto grau de desemprego mostra que será difícil sair desse buraco por algum tempo, principalmente porque a prolongação dessa situação acaba gerando desatualização e desqualificação da força de trabalho, demandando ainda mais esforço para reinserir essas pessoas no mercado.

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