A notícia de que as aulas presenciais poderão ser retomadas em Mato Grosso dividiu opiniões. De um lado, um grupo mais preocupado com a possibilidade contágio nas escolas teme que a circulação de crianças e adolescentes leve o terrível vírus para dentro de casa. De outro, pais que estão preocupados também com os prejuízos pedagógicos que a distância impõe para o desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Afinal, o que dizem as evidências?
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Escolas têm funcionado em todos os países, seja na modalidade puramente remota, presencial ou em um híbrido entre os dois. De modo geral, tem se notado um atraso na comparação entre os estudantes de agora com aqueles que cursaram as mesmas séries em períodos anteriores. Maior tem sido o relato de prejuízo às crianças em idade pré-escolar, que são mais dependentes de atenção para garantir seu desenvolvimento intelectual e emocional. Atenção esta que os pais, trabalhando em escritórios improvisados em casa, não têm para dar.
Tampouco há consenso sobre os riscos de contágio entre as crianças. Estudos realizados no Reino Unido apontam que o ambiente escolar foi um dos principais pontos de surtos de contágio, mas os critérios para essa análise são demasiado amplos. Dois casos em uma creche representam um surto localizado, mesmo que essas pessoas jamais venham a desenvolver casos graves de covid-19.
Estudo divulgado esta semana pela Fiocruz aponta que as crianças têm menos chance de transmitir o vírus para adultos do que de serem infectadas. A epidemiologista da Fiocruz Marilia Sá Carvalho, uma das autoras do estudo, diz que se tomadas as devidas precauções, as escolas podem não ter grande impacto na transmissão do coronavírus. As precauções são aquelas que já conhecemos de cor e salteado: uso de máscaras, distanciamento social, higienização constante de ambientes, aumento da ventilação dos espaços e, claro, a vacinação dos profissionais da Educação.
Os epidemiologistas da Fiocruz apontam que não faz sentido manter as escolas fechadas enquanto praticamente todos os setores da economia estão abertos e funcionando normalmente. Afinal, o risco de contágio é muito maior em um bar fechado, onde vários adultos estão bebendo sem máscaras, do que em uma sala de aula, onde é mais fácil manter a hierarquia e um nível mínimo de controle.
Apesar de dar um certo ‘aval’ para a reabertura das escolas no país, a pesquisa da Fiocruz ressalta que só haverá segurança real no ambiente escolar quando professores e demais profissionais da Educação tiverem sido vacinados. Diferente do que se acreditava no começo da pandemia, as crianças não são os maiores vetores do coronavírus. Portanto, não devem ser elas a pagar, com o seu futuro, o preço da nossa falha no combate à pandemia.