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Opinião Quinta-feira, 25 de Março de 2021, 10:33 - A | A

Quinta-feira, 25 de Março de 2021, 10h:33 - A | A

EDITORIAL - 25/03/2021

Ponto de virada

Da Editoria

Mais de um ano após o início da pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro finalmente anunciou a criação de um comitê para coordenar as ações de combate à doença no Brasil. Foi preciso muita cobrança para o presidente ‘despolitizar a pandemia’ e liderar um ‘pacto nacional’ de enfrentamento à doença, além de quase 300 mil mortes, para que finalmente isso acontecesse. Antes tarde do que nunca, já diziam os antigos.

Temos falado há muito tempo sobre a necessidade de uma coordenação nacional para a crise, devido à necessidade de passar uma mensagem uníssona à população. Mas a criação do comitê não deve ser vista como uma mudança no posicionamento do presidente até agora. Até porque, logo após o anúncio, Bolsonaro insistiu na defesa do ‘tratamento precoce’ com medicamentos que não têm eficácia comprovada – aliás, muito pelo contrário, o que tem sido visto é um aumento significativo nas complicações devido ao tal tratamento precoce, conforme relatos de médicos que estão trabalhando nas UTIs.

Até agora, os confrontos foram a marca do presidente na condução da pandemia. Quando surgiu a necessidade de restringir a circulação de pessoas para frear o avanço do vírus, o presidente insuflou uma legião de apoiadores a protestar contra as medidas. Chegou inclusive a ir ao Supremo Tribunal Federal contra medidas urgentes decretadas pelos governadores do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande de Sul, onde as pessoas estão morrendo aos montes.

Na saída da reunião, o presidente afirmou que não deve haver conflito nem politização. Contudo, participaram da reunião apenas aqueles que ele considera como aliados, além dos chefes de Poderes. Até o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), acabou sendo deixado de fora. Nos últimos tempos, Mauro incluiu seu nome em uma série de cartas públicas que pressionavam o presidente a tomar medidas urgentes para conter o colapso, que, à época, ainda estava apenas no horizonte.

Tanto o presidente do Senado quanto o da Câmara saíram da reunião falando que o consenso é pela união de forças contra o vírus. Relataram que a reunião foi uma demonstração de diálogo para que os Poderes passem uma só informação à população. É o que se espera neste momento. A politização da pandemia tem custado muitas vidas e foi um dos principais motivos que nos trouxe até o precipício em que hoje nos encontramos.

Esperamos que as promessas feitas durante a criação desse comitê não sejam apenas palavras ao vento. É nos momentos de crise que a população mais precisa de seus líderes, para encontrar um caminho de volta à luz. Tomara que seja esse o ponto de virada.

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