Quando lançamos um novo olhar para o cenário existente, é possível reconstruir a nossa visão e nossa mentalidade sobre o mundo.
Em recente conversa com um amigo de longa data, dialogamos sobre diversos assuntos da vida de cada um. Ele me contou uma história cujo princípio já tenho aplicado em minha vida há muitos anos.
Ele me disse que no início do seu curso de doutorado, em um grande centro urbano brasileiro, depois de um longo dia de estudos, dinâmicas e trabalhos, ele retornou para casa a fim de descansar, porque o dia fora exaustivo e bastante atarefado.
No trajeto para a sua residência, ele estava muito triste, sobrecarregado, decepcionado, com pensamentos negativos, choramingando, estava na defensiva com uma mentalidade em que floresciam justificativas para que ele não mantivesse o foco nos estudos, chorava por dentro e aos poucos externalizava as lágrimas.
Sabe aquele momento em que devido às circunstâncias nos afundamos de tal maneira que quando “abrimos os olhos” nos vemos no “fundo do poço”? Estando nessa situação, a tendência é que as coisas só piorem, a tristeza chega, a depressão nos aprisiona e a decadência do ser humano é evidente.
Nesse cenário, ele encontrou alguém que questionou o porquê de sua tristeza, daquele pensamento derrotista. Ele se pôs a justificar o motivo que o levara a tomar tal decisão, ou seja, a desistência do doutorado.
Esse interlocutor começou a discorrer sobre a sua história. A narrativa daquela mulher era de uma situação difícil, pobre, miserável, sem perspectiva de nada, morando em um lugar distante e que a probabilidade era ficar nesse desastre social e familiar. Contudo, contrariando a lógica das coisas e, apesar de todas as intempéries deste mundo, ela conseguiu concluir o seu doutorado.
O meu amigo, caindo em si, percebeu que a sua situação era complicada, mas a saga de sua interlocutora era terrivelmente pior do que aquela em que ele se encontrava. Em poucos segundos, o seu pensamento foi reorganizado, ele tirou o foco do problema e injetou energia para olhar a vida com possibilidade de solução. Ele não mais chorava, agora sorria frente ao novo cenário que se compunha.
Como somos nós? Preferimos focar no problema ou na solução? Preferimos olhar para o mundo de forma melhor, com os olhos de beleza, ou um mundo ruim e pouco atraente? Preferimos viver motivados ou desiludidos ante o pensamento do fracasso? Preferimos ficar com uma mentalidade de coitadismo ou de alguém que tem a capacidade para “arregaçar as mangas” e desafiar as dificuldades deste mundo?”
Essa história fala muito sobre quem nós somos verdadeiramente, se preferimos olhar para o nosso “umbigo” e nos concentrar em nossos problemas ou se preferimos buscar a solução e um mundo melhor.
Já apliquei essa mesma lógica em minha vida, por diversas vezes, e posso afirmar que vale a pena fazer uma reflexão sobre isso, uma vez que com pouco tempo é possível reequilibrar a nossa emoção e o nosso ponto de vista para apresentar uma situação melhor e mais feliz.
Todas as vezes que olharmos ao nosso redor, eu tenho a convicção de que encontraremos pessoas melhores ou piores que nós e, quando olharmos pessoas em uma situação menos favorável que a nossa, é possível que isso impacte a nossa vida e comecemos a olhar a nossa existência de uma forma positiva e diferenciada.
Ao olhar para as pessoas que estão em pior situação que a nossa, não é com o intuito de nos colocar num “pedestal” e achar que estamos melhores que o outro. É no sentido de remodelar a nossa mentalidade para que saiamos daquele “fundo do poço” e olhemos o brilho do sol que renasce em nossas vidas todos os dias em nossa vida.
Não somos melhores do que ninguém, porém o novo modo de olhar nos possibilita reconstruir a nossa história, a fim de que tenhamos uma vida de alegria e de muito sucesso, e assim, ter paz interior. Devemos sempre nos lembrar da nossa capacidade de conseguir conquistar e reconquistar o mundo ao nosso redor.
E com esse novo pensamento, o meu amigo conseguiu concluir o seu curso de doutorado, e melhor: dentro do prazo estipulado.
* Francisney Liberato Batista Siqueira é auditor público externo do Tribunal de Contas de Mato Grosso e chefe de gabinete de conselheiro do TCE-MT. Escritor, palestrante, professor, coach e mentor. Mestre em Educação pela University of Florida. Doutor em Filosofia Universal Ph.I. Honoris Causa. Bacharel em Administração, bacharel em Ciências Contábeis e bacharel em Direito. Autor dos Livros: “Mude sua vida em 50 dias”, “Como falar em público com eficiência”, “A arte de ser feliz”, “Singularidade”, “Autocontrole” e “Fenomenal”.