Este é um país de absurdos, por mais que tentemos explicá-lo; parece-nos uma tarefa hercúlea. Mato Grosso não é exceção: dentre diversas incoerências, a mudança abrupta e unilateral do modal de transportes entre a Cidade Verde e a Várzea Grande, feita governador Mauro Mendes é, no mínimo, preocupante, para não suscitar outros vieses.
É importante fazer um parêntese no raciocínio; infelizmente, a maioria não consegue estabelecer a diferença entre política de Estado e política de Governo, inclusive o próprio MM. Resumidamente: a primeira é estrutural, enquanto a segunda é conjuntural. Os mato-grossenses já gastamos mais de 1,2 bilhão no VLT; agora, vamos gastar mais 400 milhões, fora os aditivos que podem chegar facilmente a mais uns 150 milhões, apenas para satisfazer a sanha e os caprichos do ocupante do Paiaguás.
Claro que se comparamos os modais, veremos, de maneira facílima, que o VLT é, ao menos, um pouco superior ao BRT. Caso voltemos no tempo, o BRT daquela época era movido a Diesel, nem é necessário dizer da exorbitante emissão de CO2); fala-se atualmente em um BRT, como o VLT, movimentado por energia elétrica. Há, minimamente, três aspectos que deveriam ser discutidos: primeiro, o espaço necessário para ir e vir desse modal (claro que é maior do que o do VLT); segundo, o uso de pneus (basta pensarmos o porquê desse país ter rodovias e não ferrovias) e terceiro, a longo prazo, qual dos dois modais traz mais benefícios aos cidadãos? O mundo já provou que o VLT tem um impacto extremamente positivo sobre os espaços e as pessoas.
Diante desses fatos incontestáveis, deveríamos lançar uma dúvida nos interesses do governador. Seria Vossa Excelência essa figura impoluta e desprovida de interesses tanto para várzea-grandenses quanto para cuiabanos? Se bem conheço a realidade da política do nosso Estado, “não existe almoço de graça”, né Mauro.
Nesse impasse entre VLT e BRT, nada melhor que um plebiscito: Qual o modal que queremos para as nossas cidades? Tenha coragem e discernimento, governador; quem sabe assim, a democracia direta possa se fazer valer e não os caprichos de alguém que se pretendente dono dos nossos destinos. Alexis de Tocqueville afirmou: “Creio que, em qualquer época, eu teria amado a liberdade; mas, na época que em vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la”. E eu também.
*Sérgio Cintra é professor de Redação e de Linguagens em Cuiabá.