O delegado Ruy Guilherme Peral está sendo denunciado pelos familiares do empresário A.M.S.S por uma tentativa de homicídio registrada ainda nesta quinta-feira (10), em Várzea Grande. Ruy estava cumprindo um mandado de busca e apreensão no âmbito da operação BitTrack e o empresário do agro, suspeito de integrar o Comando Vermelho, era um dos alvos. Enquanto a família do alvo denúncia o delegado por truculência e atirar sem motivo, as equipes que fizeram a operação dizem que o empresário estava armado e responderam a uma iminente agressão.
As narrativas estão em dois documentos que a reportagem do Estadão Mato Grosso teve acesso. No primeiro documento, da família do alvo, é descrito que tudo começou por volta das 06h40 quando ouviram batidas no portão da casa e o alvo, ao abrir o portão de casa, foi baleado de raspão na cabeça. O homem então caiu no chão e o delegado entrou na casa. O cachorro da família então teria avançado e o delegado dito que se ele se aproximasse mais, seria o próximo a morrer.
Ainda segundo a família, o mandado da operação só foi apresentado momentos depois, quando os policiais já estavam dentro da casa. Ainda segundo o documento, policiais de Santa Catarina, que estavam juntos da equipe de Várzea Grande, socorreram o homem.
A família ainda relata que toda a ação ocorreu na frente das filhas menores de idade do casal.
O OUTRO LADO
No segundo documento, lavrado em nome dos policiais que estavam na ação, é descrito que os policiais chegaram na casa, bateram na porta e o alvo a abriu. Contudo, ao abrir a porta, o empresário teria rapidamente tentado fechá-la enquanto os policiais tentavam entrar. Durante a ação, os policiais viram o empresário com um objeto escuro nas mãos levando em direção do delegado, que atirou para revidar a “injusta e iminente agressão”.
Ainda segundo os policiais, o empresário seria alguém de altíssima periculosidade e com suspeita de pertencer a facção criminosa Comando Vermelho. Durante as buscas, os policiais ainda teriam encontrado mais de R$ 125 mil de origem ilícita.
O objeto escuro em questão e que motivou o disparo do delegado seria um celular e o homem foi levado ao complexo hospitalar do Jardim Cuiabá para tratar dos ferimentos e lá recebeu voz de prisão por parte dos policiais.
A OPERAÇÃO
Deflagrada pela Polícia Civil do município de Santa Catarina, a operação coordenada para desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes bancárias em gerenciadores financeiros. Durante a operação, foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão em 13 diferentes estados brasileiros. A investigação revelou que os valores subtraídos tinham origem em uma prefeitura de SC e foram repassados para criminosos operando em outros estados, com o objetivo de financiar atividades ilícitas.
A organização criminosa utilizava contas de laranjas para converter os valores subtraídos em Bitcoins, transferindo esses ativos digitais para carteiras privadas na blockchain, dificultando o rastreamento e ocultando a origem ilícita dos recursos.
Com informações da Polícia Civil de Santa Catarina.