A Câmara de Cuiabá manteve o título de cidadão cuiabano ao deputado estadual Gilberto Cattani (PL). O projeto de decreto legislativo, que buscava suspender a homenagem devido aos comentários considerados misóginos pelo comparativo entre mulheres e vacas, não conseguiu o número de assinaturas necessárias durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 14 de setembro, para derrubá-lo.
Para que isso acontecesse eram necessários dois terços do plenário a favor da matéria, ou seja, 16 votos. No entanto, apenas 13 se manifestaram a favor. (Veja como cada um votou no final da matéria). Quatro vereadores votaram contra a proposta e três preferiram se abster da votação.
O pedido foi apresentado pelo vice-líder do governo municipal, vereador Luís Cláudio (PP), após falas do parlamentar estadual durante uma reunião contra o aborto e de um vídeo em que pede desculpas às vacas por compará-las a feministas radicais.
Ele lamentou o placar da votação e destacou que a decisão do parlamento cuiabano é um incentivo para que Cattani não encerre seus ataques contra as mulheres.
“É lamentável a votação desta manhã, por conta, não desta Casa, mas por conta desse deputado que me atrevo a dizer ser de extrema-direita e violentador dos direitos das mulheres em Mato Grosso. Infelizmente, não será esse título que vai pará-lo e o que pararia esse cidadão era sua cassação na Assembleia Legislativa”, ressaltou.
Maysa Leão (Republicanos) também ficou chateada com a falta de apoio para retirar o título do deputado. Ela ainda lembrou que está sendo vítima de violência por Cattani ao decidir não excluir a publicação de um vídeo que, segundo ela, deixa parecer que ela é favorável aos estupradores.
“Esse deputado já demonstrou de todas as formas e eu já exaustivamente trouxe para essa Casa por nobres pares dentro do grupo de WhatsApp todos os documentos que comprovam que ele nunca quis resolver a questão. Hoje nós sinalizamos aqui, na Câmara de Vereadores, que a pauta da mulher é uma pauta de segunda instância. Porque se uma vereadora que comprovadamente está sofrendo uma gravíssima violência por parte de um deputado, não consegue mobilizar homens parlamentares para levantarem essa bandeira, significa que as nossas mulheres sem microfone, sem voz, sem vez, estarão sendo ignoradas sim”, disse.
Ela ainda lembrou que está sendo processada pelo deputado e ainda se recusa a apagar a publicação, o que de acordo com a vereadora, demonstra que o liberal não tem o mínimo de empatia pelo sofrimento de uma mulher.
“Este deputado sai hoje daqui se sentindo vencedor, impune e acima da lei. E há colaboração daqueles que não quiseram que ele aprendesse de alguma forma que ele não está acima da lei”, frisou.
Entre os que votaram contra o projeto, apenas Wilson Kero Kero (Podemos) saiu em defesa pela permanência do título de cidadão cuiabano a Cattani. Ele comentou que também foi vítima de ataques de mulheres nas redes sociais por ser apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Mais uma vez eu não vejo de tão machista, misógina, agressiva a fala do deputado Cattani. Tanto que a Assembleia fez sua absolvição nos dois casos que tinha contra ele. Repreendo todos os internautas e falou duramente contra a vereadora Maysa, tem que buscar a justiça e apontar que fez esses comentários. Eu também sofri duros ataques e grande maioria de mulheres por ser bolsonarista”, disse.
Veja como cada vereador votou:
SIM:
Chico 2000 (PL)
Demilson Nogueira (PP)
Dilemário Alencar (Podemos)
Edna Sampaio (PT)
Eduardo Magalhães (Republicanos)
Fellipe Corrêa (Cidadania)
Luís Cláudio (PP)
Maysa Leão (Republicanos)
Michelly Alencar (União)
Professor Mário Nadaf (PV)
Rodrigo Arruda e Sá (Cidadania)
Rogério Varanda (MDB)
Sargento Joelson (PSB)
NÃO:
Adevair Cabral (PTB)
Jeferson Siqueira (PSD)
Marcus Brito Júnior (PV)
Wilson Kero Kero (Podemos)
ABSTENÇÃO:
Cezinha Nascimento (União)
Dídimo Vovô (PSB)
Dr Ricardo Saad (PSDB)
FALTA:
Dr Luiz Fernando (Republicanos)
Kássio Coelho (Patriota)
Lilo Pinheiro (PDT)
Paulo Henrique (PV)
Sargento Vidal (MDB)