O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) apresentou um pedido para que a Câmara de Cuiabá instaure um processo ético-disciplinar contra a vereadora Maysa Leão (Republicanos) por quebra de decoro parlamentar, devido à repercussão de uma postagem de um debate entre eles sobre a punição de estupradores. Na sessão da última quinta-feira, 31 de agosto, Maysa afirmou que Cattani editou o vídeo de uma forma que incita as pessoas contra ela e revelou estar sofrendo ameaças nas redes sociais.
Além do requerimento à Câmara, Cattani ingressou com ação na Justiça contra a vereadora, pedindo R$ 52 mil de indenização por danos morais.
Em ambos os processos, Cattani afirma que Maysa o acusou de incentivar que terceiros desejassem praticar crimes contra ela e sua família, difamando sua atuação política e deturpando a sua fala durante a entrevista, coisa que, segundo ele, não aconteceu.
O deputado traz o histórico do caso, relatando que ele e a vereadora participaram de um podcast no dia 10 de agosto. Três dias depois, ele publicou em seu Instagram um trecho da entrevista, de 1 minuto e 5 segundos, em que defende a castração de estupradores.
No dia 29 do mesmo mês, ele conta que recebeu um ofício de Maysa “fazendo sérias acusações contra este Deputado e terceiros". Cattani ainda destaca que a vereadora foi à sua página na rede social e deixou um comentário, afirmando que ele teria cortado trechos do vídeo para fazer entender que ela estava defendendo estupradores.
Cattani aponta ainda que Maysa disse, durante a sessão ordinária da Câmara de Cuiabá, que a manutenção do post induz as pessoas acreditarem que ela é defensora de criminosos e tem causado uma onda de ameaças de estupro contra ela e sua família. Ela ainda teria dito que a Assembleia estaria passando o pano para “agressor”.
O advogado do deputado alega nos processos que ele não tem tempo de ficar a todo momento lendo mensagens de suas redes sociais, que juntas tem aproximadamente 300 mil seguidores, além de não ter assessores dedicados exclusivamente a este serviço.
Ainda ressalta que a vereadora tem meios de contatar o deputado pelo gabinete, o que não aconteceu.
“[…] Limitando-se a dizer “que tentou falar pelas redes sociais”, deixando evidente que sua intenção não era a de excluir/censurar comentários negativos (que podem e devem ser responsabilizados, cada um por seus atos), mas sim, de atacar, odiosamente, a reputação do Deputado Gilberto Cattani, em flagrante conduta incompatível com o decoro parlamentar, atacando, inclusive, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, ao dizer que a Casa Estadual de leis 'passa pano para agressor', em outro ataque pessoal a honra, reputação e dignidade do Deputado”, diz trecho dos documentos.
Na avaliação da defesa, o vídeo postado por Cattani revela que o deputado “se preocupou com a mulher vítima desse tipo de crime bárbaro, e não com o criminoso”. Alega ainda que o vídeo não foi retirado de contexto e não sofreu nenhuma alteração.
“Quanto aos comentários promovidos por pessoas diversas, se positivos ou negativos, nos surpreende ter que explicar à Vereadora que em nada temos relação, tão pouco controle. Cada ser humano é livre para fazer o que bem entende, na mesma medida que poderá ser responsabilizado em caso de violação das leis e da constituição. Repudiamos quaisquer atos ilícitos e criminosos, incluindo, aqui, as citadas manifestações de ódio e os crimes contra a honra informados pela Vereadora”, recomendou.
ATAQUES
Na sessão de quinta-feira, 31, a vereadora disse que vai à Justiça para que o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) apague nas redes sociais o vídeo. A parlamentar comentou na tribuna que tem sido vítima de comentários maldosos e de ameaças de internautas. Segundo ela, sua mãe e sua filha também estão sendo vítimas do ódio virtual. Ao comentar sobre o assunto, Maysa chorou, relatando que está com medo das mensagens que vem recebendo.
Maysa comentou que o deputado usou apenas uma parte de sua fala durante uma entrevista a um podcast, fazendo entender que ela é uma defensora de estupradores e que estaria instigando as pessoas julgarem ela.
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