O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), afirmou nesta quinta-feira (10) que vê com estranheza a sequência de ações da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) contra a Prefeitura. Mais cedo, a Prefeitura de Cuiabá foi alvo da segunda fase da Operação Overpriced, que investiga suspeitas de fraudes na compra de medicamentos.
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Em conversa com jornalistas, Emanuel disse suspeitar que há uma perseguição política por alguns membros da instituição. Ele citou como exemplo o fato de que a ação desta quinta tentou afastar servidores que já haviam sido exonerados no ano passado, após a primeira fase da Operação Overpriced.
“Não querendo atacar a instituição, mas algumas ações de alguns membros, mas toda hora que a Prefeitura de Cuiabá vem com grandes notícias para a cidade, acontece fatos estranhos. Mas, se for conduta de servidor ou algo que venha a desabonar a nossa gestão, tem todo o meu apoio e colaboração. Minha determinação é ser colaborativo com todas as ações de investigação e transparência”, disse.
Emanuel também afirmou que as investigações da Deccor demonstram seletividade, por mirar exclusivamente a Prefeitura de Cuiabá. O prefeito afirma que também há indícios de irregularidades no governo do Estado, mas não haveria o mesmo empenho da Deccor para investiga-los.
“O Estado teve a questão dos jatinhos, dos livros, dos respiradores ‘xing ling’, agora a questão do TCU de sete milhões de reais, ameaçando convocar o governador na CPI. Teve várias outras denúncias, mas parece que há uma imunidade do Estado em relação às ações da Deccor”, disse.
Por fim, o prefeito afirmou que sempre colaborou com a Justiça e que é a favor de investigações na Prefeitura. Contudo, ele diz que tem recebido informações de que as últimas ações têm sido realizadas para prejudicar sua imagem pública, inclusive induzindo a Justiça ao erro.
“Estão induzindo o Judiciário e o Ministério Público ao erro. Propositadamente, com o intuito de atingir o prefeito e a gestão Emanuel Pinheiro. Eu já tenho uma ação quase pronta, estou estudando ela ainda, e muito em breve eu vou anunciar”, concluiu.
A OPERAÇÃO - A Deccor, em conjunto com o Ministério Público do Estado (MP-MT), deflagrou na manhã desta quinta-feira (10), a segunda fase da Operação Overpriced. A investigação tem como base novas provas coletadas em auditorias do Ministério da Saúde, por meio da Seção de Auditoria de Mato Grosso.
Segundo a Deccor, foram identificadas diversas irregularidades em licitações envolvendo ao menos três empresas que forneceram medicamentos à Secretaria Municipal de Saúde, por meio de dispensa de licitação, durante o período da pandemia ocasionada pela covid-19.
Os indícios apontam para favorecimento das empresas contratadas nas licitações. Além disso, foram constatadas compras de medicamentos em excesso, para além da necessidade para 180 dias, e sobrepreço na aquisição, feita por de dispensa de licitação, sob a justificativa de enfrentamento à covid-19.
A juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 7ª Vara Criminal da Capital, determinou o bloqueio de R$ 2,175 milhões, além do afastamento de quatro servidores, que serão submetidos a uma série de medidas cautelares para evitar que atrapalhem a investigação.