Na semana em que o Brasil registrou a marca de 400 mil mortos em decorrência da covid-19, sindicados e entidades realizam atos no 1° de Maio (Dia Internacional da Classe Trabalhadora). Entre as pautas defendidas no movimento estão as condições básicas de trabalho, a vacinação em massa, o lockdown nacional imediato e o retorno do auxílio emergencial de R$ 600.
A mobilização também faz críticas ao presidente Jair Bolsonaro, por defender a manutenção do trabalho presencial durante toda a pandemia. Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde no Trabalho, mais de 21 mil pessoas pegaram covid-19 no ambiente de trabalho em 2020.
A diretora da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), Lélica Lacerda, afirma que a data sempre foi muito importante, mas o contexto particular exige mobilização.
“Nós estamos em um período de retrocesso da organização da classe nacional e internacional e quando a classe trabalhadora retrocede nos seus interesses, o capitalismo avança. A humanidade está chegando no limite absoluto de exploração humana e ambiental. Isso nos coloca em um conjunto de crises”.
Ela também ressalta a importância de medidas governamentais urgentes para garantir o direito dos trabalhadores à vida.
“A primeira coisa que a gente precisa impor é o respeito às nossas vidas, é o lockdown imediato. E para viabilizar o lockdown é necessário um auxílio emergencial que supra as necessidades dos trabalhadores. Estando em casa, protegidos, é necessário que o governo federal invista no SUS, invista na ciência, na vacinação e na testagem em massa, na nossa capacidade de produção nacional dos testes e vacinas”.
Segundo o professor Edzar Watts, do coletivo Autonomia e Luta, quando os dados de contaminação no ambiente de trabalho são analisados, é esquecido que grande parte dos mais de 400 mil mortos pela pandemia são consequência da economia que não pode parar.
“Quando não se tem uma política que prioriza o trabalhador, a realidade é que é preciso escolher entre a vida ou a fome. Nem um auxílio digno é garantido”.
Ele também destaca os problemas do ensino remoto, mesmo sendo a única opção viável no momento.
“É uma realidade de trabalho que atende unicamente a uma pequena parcela da sociedade. É uma redução na contaminação, mas ao mesmo tempo, cai em contradição ao se deparar que a realidade dos estudantes. Muitas famílias não possuem internet e equipamentos tecnológicos, nem conhecimento para a utilização dessas ferramentas. Além disso, com o ensino remoto, quadriplicou a jornada de trabalho e, junto disso, o aumento da burocracia e o adoecimento mental”, afirmou.