O governador Mauro Mendes (União) rebateu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que alertou para o risco de desaparecimento do Pantanal" durante uma audiência no Senado Federal na semana passada. Em conversa com jornalistas nessa segunda-feira, 9 de setembro, o governador cobrou mais atitude do Governo Federal para conter os incêndios que se alastram pelo país.
"Fazer previsões pessimistas ou apocalípticas não resolve absolutamente nada. Que existe uma mudança climática, tem. Então, vamos fazer o seguinte: todo mundo vai ter que parar de emitir gás carbônico, segundo o cientista, mas o mundo que cobra isso do Brasil não faz a sua parte. A queima de carvão continua aumentando em todo o planeta, principalmente nos países ricos. Cadê a contribuição deles para o desaquecimento do planeta? Então, nós brasileiros e nós de Mato Grosso estamos fazendo nossa parte. Temos 60% do nosso território preservado. Nenhuma região produtiva de alimentos no mundo tem isso", rebateu o governador.
A fala da ministra foi mais técnica do que política, em tom oposto ao de Mauro. Marina alertava que a continuidade do desmatamento no Brasil e as queimadas anuais têm reduzido, pouco a pouco, a área de cobertura florestal no Brasil. Como consequência, as florestas 'transpiram' menos, reduzindo a ocorrência das chuvas que alimentam os rios do Pantanal, a maior planície alagável do mundo.
"O diagnóstico é de que poderemos perder o Pantanal até o final do século. E isso tem um nome: se chama baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da área da planície alagada. Portanto, a cada ano se vai perdendo cobertura vegetal, seja em função de desmatamento ou de queimadas, você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles, até o final do século, nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta", disse a ministra.
Mauro reconheceu que a situação das queimadas é crítica em Mato Grosso e seus argumentos vão ao encontro do que disse a ministra, mas sem dar o braço a torcer. O governador cita a falta de chuva e o clima seco como as principais causas para a situação dos incêndios estar fora de controle e lembra que não é um problema isolado de Mato Grosso, mas de todo o Brasil.
"As queimadas estão críticas em todo o Brasil, estão críticas em Mato Grosso. Boa parte disso se deve ao clima, ao tempo seco, à falta de chuvas. Mas, todos os incêndios acontecem porque alguém começou, a grande maioria deles. Algumas poucas exceções são por causas naturais. E aí, nós temos que ter clareza de que alguém está fazendo esse fogo, de forma criminosa ou até descuidada, por algum tipo de negligência", pontuou.
O governador ressaltou que há mais de 300 bombeiros mobilizados para combater os incêndios em Mato Grosso e que o setor produtivo está fazendo sua parte, ajudando no combate às chamas. Porém, ele lembrou que Mato Grosso é um estado de dimensões continentais e, justamente devido a essas dimensões, aparece sempre na liderança dos focos de incêndios.
"É um grande estado, nós temos grandes focos e números relativos. Não dá para comparar os números de Mato Grosso com os do Espírito Santo ou de Alagoas, são estados muito, mas muito menores que o nosso. Mas, o governo está mobilizado, não desde agora, nós começamos em fevereiro o planejamento, as compras, as aquisições e as ações para combater, mas o momento está realmente muito difícil e continuamos trabalhando", concluiu.