As eleições municipais desencadearam descontentamento entre o MDB e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, que foi reeleito. O principal motivo da rusga é a candidatura candidatura do filho de Emanuel, o deputado federal Emanuelzinho (PTB), a prefeito de Várzea Grande, mesmo com o partido tendo um postulante à vaga.
Durante o período eleitoral, as principais lideranças do MDB no estado declararam guerra ao prefeito. Entre elas, o presidente estadual do partido, deputado federal Carlos Bezerra. Ele chegou a dizer que Emanuel estava sendo ganancioso em querer comandar a capital e emplacar seu filho na cidade vizinha.
A vice-presidente do partido, deputada estadual Janaína Riva, também declarou guerra ao prefeito. Mas, no caso dela, o desgaste tem a ver com a delação premiada de seu pai, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), que revelou um esquema de pagamento de propina que atinge diretamente o prefeito. Em sua defesa, Emanuel usou palavras que a deputada não gostou, já que seu pai era o alvo. Durante o primeiro turno das eleições, ela declarou apoio ao candidato Roberto França (Patriota).
Mesmo ao estilo de "todos contra um", Pinheiro conseguiu ser reeleito prefeito da Capital. No entanto, os problemas com seu partido continuam. Após sua vitória, a sigla articulou uma reunião entre o governador Mauro Mendes (DEM) e os prefeitos eleitos. Emanuel chegou a ser convocado mas, vitorioso após a briga partidária, se recusou a participar do encontro. Ele afirma que pretende aparar as arestas de seu conturbado relacionamento com Mendes, mas que não o fará por meio de uma reunião articulada pelo MDB.
A ausência do prefeito reeleito foi criticada por Carlos Bezerra, que disse que foi um grande erro ele não comparecer ao Palácio Paiaguás, oportunidade que teria para fazer ponte com outros prefeitos e ainda tentar um “entendimento” com o governador, seu adversário político.
“Foi um erro dele. Ele foi convidado por mim, foi convidado pelo chefe da Casa Civil [Mauro Carvalho]. Foi um erro, é o prefeito da Capital que tem que fazer a ponte. Ele podia fazer uma grande discussão na reunião, conversamento com os prefeitos do MDB que estavam todos aqui e também começar a fazer um entendimento com o Governo do Estado”, disse Bezerra à imprensa logo após a reunião.
Ele ainda relembrou de situações que o atual prefeito caminhou contra o partido como em 2018, quando Pinheiro decidiu apoiar Wellington Fagundes (PL) para o governo ao invés de Mauro Mendes, no qual o partido estava em seu arco de alianças.
“Eu sempre trabalhei pelo Emanuel para fortalecer ele desde a eleição, as escolhas dele para prefeito pela primeira vez. Tinha uma briga interna entre dois candidatos: Valtenir e ele. E eu pedi para o Valtenir retirar para ele ser candidato, depois disso ele foi eleito pelo MDB, já na última eleição ele não ficou com o partido, partido apoiou Mauro Mendes, ele apoiou Wellington Fagundes”, disse.
“O filho dele era presidente do MDB Jovem, saiu do MDB e foi para o PTB para ser candidato a deputado federal, depois foi ser candidato a prefeito de Várzea Grande no enfrentamento ao prefeito Kalil Baracat, o que gerou descontentamento interno no partido muito grande. Ele se queixa do partido, mas a culpa muito maior dele do que o partido, esse ato que ele cometeu foi um erro grave ficou como ele o prefeito do MDB e o filho dele contra o MDB em Várzea Grande”, complementou.
Convite ao governador – Durante o encontro, que além de prefeitos reuniu os deputados estaduais da sigla, Carlos Bezerra convidou Mauro Mendes para filiar ao MDB. Segundo ele, o convite foi feito a pedido de todos os prefeitos presentes.
“Não foi uma solicitação só minha, mas de todos os prefeitos. Alguns foram na minha casa hoje de manhã pedir que nessa reunião colocasse isso [...] resta o governador pensar e resolver o que vai fazer”, disse.