O governador Mauro Mendes (DEM) disse que a postura do presidente Jair Bolsonaro influencia o comportamento da população mato-grossense e dificulta a adoção de medidas restritivas para conter o avanço da pandemia no estado.
Em entrevista à Rádio CBN São Paulo na manhã desta quinta-feira (25), Mauro evitou fazer críticas aos demais Poderes, mesmo após ter seu projeto de ‘superferiado’ recusado pela Assembleia Legislativa. No entanto, afirmou que o presidente atrapalhou o combate à pandemia, principalmente em Mato Grosso, que tem o pior índice de isolamento social do país.
“É impossível imaginar que um presidente de qualquer país do mundo não tenha a capacidade de influenciar a sua população. Ele tem o modelo mental dele, é o nosso presidente e ele influencia sim. Nosso estado tem sim o número grande de pessoas que é simpática à forma dele atuar, às coisas que ele diz e, seguramente, ele influencia. Vemos na região do agronegócio, as pessoas não querem ouvir falar em hipótese alguma sobre distanciamento e paralisação”, explicou.
Levantamento realizado pela consultoria Inloco aponta que Mato Grosso tem apenas 38,1% da população respeitando o isolamento social. A falta de adesão ao isolamento tem influenciado na decisão política no estado, como na última terça-feira (23), quando o governador propôs o adiantamento de cinco feriados para criar um ‘superferiado’, na intenção de diminuir a circulação de pessoas e minimizar os impactos sobre o comércio.
De maneira quase unânime, os deputados rejeitaram o projeto. A maior parte deles relatou ter recebido telefonemas de prefeitos, empresários e comerciantes do interior, pedindo para não pararem o estado por 10 dias, pois a economia não sobreviveria. A resistência vem justamente das regiões onde o bolsonarismo é mais forte.
Apesar das críticas, o governador viu avanço na mudança de postura do presidente, sobretudo após o pronunciamento em rede nacional defendendo a imunização em massa e uso de máscaras por parte da população.
“O assunto é grave e esse diálogo já deveria ter acontecido tantas e tantas vezes em momentos passados, mas que bom que está acontecendo agora. Que bom que parece que o governo federal mudou a postura agora e está mais proativo e existe, nitidamente, uma mudança de comportamento. Se isso tivesse acontecido desde o início, provavelmente nós teríamos um cenário um pouco melhor, ou menos pior no Brasil como um todo”, pontuou.
