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Política Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2021, 10:07 - A | A

Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2021, 10h:07 - A | A

À BEIRA DO COLAPSO

"Não há ambiente seguro para volta às aulas", diz secretário de Saúde

Rafael Machado

Caso a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 continue com a tendência de crescimento atual, a previsão é que não haverá mais vagas disponíveis no início de fevereiro. A informação foi divulgada pelo secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, durante debate realizado na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para discutir qual formato deve ser adotado para o retorno das aulas, no próximo dia 8.

Figueiredo comentou que a taxa de ocupação cresceu 3% de quarta (13) para quinta (14). Diante do atual cenário, o Estado já se posicionou contrário ao retorno das aulas presenciais. No entanto, a decisão oficial só será divulgada nesta sexta-feira (15), após amplo diálogo com entidades do setor e análise do resultado de uma enquete feita com pais, responsáveis e profissionais da Educação.

"Levando em consideração as condicionantes presentes no momento, elevado crescimento de casos no Estado, elevado crescimento de demanda pela internação hospitalar, seja enfermaria seja UTI, já chegamos agora de manhã a 66% de ocupação de leitos de UTI, fechamos na tarde de ontem 63%, nessa tendência uma média de dois a três pontos percentuais de aumento ao dia, em 15 dias não teremos leitos de UTI disponíveis. Só isso bastaria para tomarmos uma decisão de que não há ambiente seguro para retorno presencial no estado de Mato Grosso", disse o secretário.

Gilberto explicou que o Estado, com base nos números, elabora uma análise de risco sugerindo a adoção de algumas medidas restritivas para conter o contágio do vírus, mas a decisão sobre quais regras devem ser adotadas cabe aos prefeitos, o que inclui o formato de volta às aulas.

A recomendação do secretário é que mesmo nas cidades onde o cenário aparenta estar controlado, o prefeito, antes de tomar a decisão, deve observar se assistência hospitalar pode suprir um crescimento repentino do número de pacientes.

"Se tiver um caso lá e a rede tiver colapsada, não terá pra onde levar. Essa decisão que ele tem que fazer. Ele tem ambiente para voltar às aulas? Pode até ter, mas ele consegue mensurar? Porque essa iniciativa vai demandar uma assistência hospitalar e essa assistência não vai ter, salvo se ele suprir isso. Tem leitos de UTI em municípios em que o próprio prefeito tomou a decisão de criá-los, não colocou na rede de regulação e ele paga essa conta sozinho", comentou.

Gilberto ainda apresentou dados sobre o número de leitos disponíveis pelo SUS e seu custo. Em Mato Grosso, segundo o secretário, há 1.295 leitos, sendo 419 de UTI e 876 de enfermaria. Cada leito tem o custo de aproximadamente R$ 2 mil.

"Esses leitos de UTI já geram R$ 24 milhões de custo ao mês e cada leito desse remunera R$ 2 mil, tendo ou não paciente nele. É leito, não é nem paciente. Então, o Estado de Mato Grosso, nessa conta, já arca com R$ 14 milhões por mês e o Ministério da Saúde com R$ 9 milhões", explicou o secretário.

A demanda tem crescido em Mato Grosso porque a rede privada já não dispõe mais de leitos de UTI e os usuários de planos de saúde já estão tendo que ser transferidos para a rede pública.

"Na rede privada não há mais vagas. Nós estamos recebendo em nossos hospitais pacientes de leitos de UTI que têm plano de saúde privado, mas não conseguiram a vaga disponível na rede privada. Então vocês imaginam que nem aqueles que têm plano de saúde privado estão conseguindo vaga, quanto tempo nós vamos demorar para ter colapsado as vagas que nós temos disponíveis hoje", disse.

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