Em meio a um preocupante de aumento de casos e óbitos por Covid-19, com altas taxas de ocupação de leitos públicos e privados, a prefeitura do Rio decidiu "avaliar" a realização do réveillon deste ano.
De acordo com a empresa municipal, "em função do cenário atual da pandemia na cidade", a prefeitura está avaliando o formato da festa.
O assunto está sendo debatido pela Secretaria municipal de Saúde e pela Vigilância Sanitária com integrantes do Comitê Científico. A decisão deve ser anunciada ainda esta semana.
O planejamento para a chegada de 2021, que já tinha sido ajustado para as atuais condições sanitárias, pode sofrer alterações. A informação até agora era de que aconteceriam shows sem a presença de público em seis palcos, instalados em diferentes regiões da cidade, como o Forte de Copacabana e a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.
Televisionada e com transmissão ao vivo pela internet, a queima de fogos foi descartada, e o evento deve contar com um show de luzes e projeções, além de homenagens às vítimas da Covid-19 e aos profissionais que trabalharam na linha de frente no enfrentamento à pandemia.
A SRCOM, empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto, foi escolhida pela prefeitura no início de novembro. Na época, o presidente da Riotur, Fabrício Villa Flor, disse que o modelo da festa da virada refletiria "a responsabilidade social", e que todas as normas estabelecidas pelo Comitê Científico da prefeitura seriam respeitadas.
Mesmo sem a tradicional festa na Praia de Copacabana, que na virada de 2019 para 2020 reuniu cerca de 3 milhões de pessoas, o governador em exercício Cláudio Castro determinou alterações no horário de funcionamento do metrô:
— Autorizei que o metrô só funcione até as 20h no dia do réveillon, para que a gente impeça muita gente de ir à praia — afirmou Castro, em entrevista coletiva ao lado do prefeito Marcelo Crivella, na semana passada.
Chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado e membro do conselho de notáveis da prefeitura, o médico Sylvio Provenzano diz que o assunto ainda não foi discutido nas reuniões do comitê, mas que considera aceitável a realização da festa seguindo o planejamento proposto.
— Não vejo problema algum no evento sem público, com profissionais guardando distanciamento, usando máscara, álcool em gel, um grupo restrito de pessoas. O absurdo são eventos com público, porque você não vai conseguir guardar a distância entre as pessoas. Pelos numeros que tenho agora, não recomendo isso sob hipótese alguma — afirma.
O Ministério Público do Rio e a Defensoria Pública do Estado entraram, na sexta-feira, com uma ação civil pública na 7ª Vara da Fazenda da capital contra a prefeitura do Rio, para que o município volte a adotar, num prazo de 24 horas após notificação, medidas restritivas de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Caso a Justiça aceite o pedido, a multa diária prevista para o prefeito Marcelo Crivella, se não cumprir as determinações, é de R$ 50 mil.