“Ouço calado o tempo todo a politização da vacina”, disse o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em coletiva à imprensa na tarde deste domingo (17/1), no Rio de Janeiro, após aprovação para uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Um dos imunizantes aprovados pela agência reguladora é a Coronavac, desenvolvida no Brasil pelo farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.
“O Ministério da Saúde vem trabalhando com o Butantan no desenvolvimento da vacina desde o início. Tudo que vocês ouviram de que nós não íamos fazer, de que estamos boicotando [é] tudo fake. Fomos nós que, por intermédio da Fiocruz, trabalhamos na fase 3 do Butantan. Fomos grandes parceiros. Fomos nós que fizemos o desenvolvimento do parque fabril do Butantan para fazer a vacina”, defendeu ele.
Por diversas vezes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionou a eficácia do imunizante desenvolvido pelo Butantan e chegou a dizer que o governo federal não compraria “a vacina chinesa”. Os questionamentos fazem parte da estratégia de antagonizar com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que pode ser o principal adversário na disputa presencial de 2022.
O ministro disse ainda que a compra de insumos pelo Butantan foi feita com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). “Você sabia que tudo que foi comprado pelo Butantan foi com recursos do SUS? Todas as vacinas. Não foi com um centavo de São Paulo. [Foi] autorizado por mim. É difícil a gente ficar ouvindo isso o tempo todo. Uma hora dá vontade de a gente falar, né?”.
Seguindo a cartilha do presidente, Pazuello disse que, no que depender do governo federal e do Ministério da Saúde, a vacinação será não obrigatória.
Questionado se pretende se vacinar, ele afirmou que, se a estratégia for essa, ele irá se vacinar. “Quando chegar no meu momento de tomar a vacina, se a estratégia for essa, eu tomo agora, mas está um pouco ainda longe do meu momento.”