A Mineração Taboca S.A., que opera em uma área com concentração de urânio e produz estanho na Mina de Pitinga, interior do Amazonas, foi vendida para a empresa estatal China Nonferrous Trade Co. Ltd. por US$ 340 milhões - o equivalente a cerca de R$ 2 bilhões. A transação, intermediada pelo grupo minerador peruano Misur, que detém o controle acionário da empresa brasileira, ocorreu na terça-feira (26).
A Mineração Taboca é conhecida pela descoberta da mina em 1979, situada na Vila Balbina, a 300 km de Manaus. A empresa explora cassiterita, nióbio e tântalo e produz estanho refinado do Brasil.
Na região, o urânio, elemento químico utilizado como combustível para a geração de energia nuclear, encontra-se associado a outros minerais.
Em comunicado, a Mineração Taboca anunciou a transferência de 100% das ações para a empresa estatal chinesa.
"Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento para a Mineração Taboca, pois permitirá que ela tenha acesso a novas tecnologias para se tornar mais competitiva e ampliar sua visão e capacidade produtiva", afirmou a empresa.
A China Nonferrous Mining Co., uma das maiores empresas estatais produtoras de cobre do mundo, foca em mineração, processamento, hidrometalurgia, fundição pirometalúrgica e vendas, com operações significativas na Zâmbia, na África.
Repercussão
O Governo do Amazonas se manifestou por meio de nota e informou que a compra das ações da Mineração Taboca pela China Nonferrous Trade Co. Ltd foi uma operação privada.
O governo estadual destacou que apoia investimentos que favoreçam o crescimento econômico e social, desde que cumpram as leis e as normas ambientais. Também se compromete a dialogar com o novo controlador, visando a preservação de empregos e atração de novos investimentos.
Em pronunciamento na plenária do Senado, na quarta-feira (27), o senador Plínio Valério (PSDB-AM), questionou a venda e levantou suspeitas de favorecimento ao governo chinês.
"Estamos lá impedidos, com cadeados ambientais que nos escravizam e que nos prendem, porque sempre esbarramos nas ONGs. Sempre esbarramos na ministra Marina Silva, a serviço das ONGs, e, de repente, os chineses compram a maior mina de urânio do Brasil. Vão beneficiar urânio no Amazonas, perto de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, que vive do turismo, que vive das suas 160 e poucas cachoeiras, e ninguém fala nada. Por quê? O que há aí? Um compromisso? Um conluio? Uma perseguição àquilo que a gente pode ou não pode fazer?", disse em discurso.