Apesar de ter registrados dezenas de casos - entre mortes e infecções de trabalhadores - os Correios em Mato Grosso tem feito vista grossa e ocultando os casos da Covid-19 entre seus trabalhadores.
Essa atitude coloca em risco de morte seus trabalhadores e os seus clientes. A denuncia é do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios em Mato Grosso (Sintect/MT)
Os casos são rotineiros, disse o presidente do Sintect/MT, Edmar Leite. E o mais grave, segundo ele, é que as medidas mínimas de segurança para evitar mortes e a disseminação da Covid-19 não são adotadas.
Dentre essas medidas, segundo ele, estão o afastamento imediato do trabalhador que apresente algum sintoma da doença e das pessoas que tiveram contato direto com eles; a desinfecção pelo Corpo de Bombeiro da Unidade onde foram registrados os casos; e testagem em massa dos trabalhadores que tiveram convívio com o colega infectado.
Edmar lembra que essas medidas, além da obrigatoriedade de disponibilização de álcool gel 70% em locais próximos às estações de trabalho; intensificação de procedimentos de higienização e limpeza do ambiente e equipamentos; realização de trabalho remoto por empregados classificados em grupos de risco ou com residentes em grupo de risco etc foram conquistas dos trabalhadores através da luta dos sindicatos.
CASOS RECENTES
Na capital
Ontem, um atendente de balcão da agência central dos Correios recebeu o resultado positivo para Covid-19. Mas até a manifestação dos sintomas mais fortes que o impediria de trabalhar, ele fez sua rotina normalmente e atendeu, por cerca de 10 dias, no balcão, dezenas de clientes que buscaram o serviço de postagem e outros serviços ofertados.
O atendente conta que ao “desconfiar” que podia ter contraído a Covid-19 avisou à gerência da agência central e pediu licença para fazer os exames. Ele se afastou, por conta, depois de ter avisado ao gerente. O gerente “abafou o caso”, disse Edmar. O resultado positivado saiu ontem, 11.
E foi ontem que outra atendente informou ao gerente da agência central que não estava se “sentindo disposta” estava com dor no corpo, dor de cabeça e diarreia. Ela disse que acreditava ter contraído a Covid-19. Foi ai que ela soube do caso do colega ter positivado. “Numa conversa individual ele falou para ela do colega que estava com doença” contou Edmar. Ela discutiu com o gerente e tachou ele de “irresponsável” por não ter avisado aos demais trabalhadores do registro do caso.
Simultaneamente à confirmação do caso do atendente, uma auxiliar de limpeza da empresa terceirizada que presta serviço aos Correios na agência central está afastada com suspeita de ter contraído o vírus.
Do interior
Em Juruena morreu um carteiro que acumulava a função de gerente da unidade naquele município. Ele estava internado em um hospital de Cuiabá. O corpo foi transladado para Brasnorte onde foi enterrado com apoio do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios.
Ministério Público do Trabalho
Nesta quinta-feira, o Sintect protocolou denuncia no Ministério Público do Trabalho relatando essas situações.