A epidemia de chikungunya em Mato Grosso segue acendendo sinais de alerta, com aumento alarmante de casos no último mês. Em apenas dois meses, o estado registrou 21 mortes pela doença, igualando o total de óbitos registrados ao longo de todo o ano de 2024. Além disso, outras 10 mortes estão sendo investigadas por suspeita da doença.
De acordo com o Painel de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), 14.897 casos de chikungunya foram confirmados até o final de fevereiro, o que representa 69% do total de casos registrados em todo o ano passado, quando 21.542 pessoas foram diagnosticadas com a doença. O aumento vertiginoso reforça a gravidade da epidemia, que já afeta diversos municípios mato-grossenses.
Mato Grosso é o líder nacional de mortes por chikungunya este ano. Segundo o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, até o momento, 23 óbitos por chikungunya, dos quais 19 ocorreram no estado. A diferença nos números entre as bases de dados estadual e federal ocorre devido ao atraso na comunicação entre a SES e o Ministério da Saúde.
O crescimento exponencial da doença deixa a situação ainda mais preocupante. Em janeiro, o estado havia confirmado 3.765 casos e quatro mortes. Em fevereiro, os números saltaram para 14.897 casos e 21 óbitos, representando um aumento de 295% no número de infectados e de 425% no número de mortes. E, segundo especialistas, a epidemia ainda não chegou em sua fase mais grave.
Cuiabá é o município mais afetado, concentrando 3.945 casos e 18 das mortes suspeitas da doença. Outras cidades também enfrentam índices alarmantes, como Rondonópolis, com 4.816 casos e dois óbitos; Várzea Grande, com 1.079 casos e três mortes; e Cáceres, com 963 casos confirmados.
Diante da gravidade da situação, algumas cidades decretaram emergência em saúde pública para conter o avanço da epidemia. Cuiabá, Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento adotaram medidas emergenciais, incluindo a criação de centros de monitoramento e intensificação do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Em Cuiabá, o decreto foi assinado em janeiro e tem validade de 60 dias, permitindo a adoção de ações urgentes para enfrentar a epidemia de arboviroses, que inclui também a dengue e a zika. Várzea Grande seguiu a mesma estratégia, implementando o Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE-Arboviroses), coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde.
RECOMENDAÇÃO DO CRM
Na tentativa de aliviar a sobrecarga do sistema de saúde, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) recomendou a criação de centros de triagem específicos para atender pacientes com sintomas de arboviroses. A proposta sugere uma estrutura semelhante à que foi utilizada durante a pandemia da covid-19, permitindo atendimento mais rápido e desafogando as unidades de pronto atendimento.
O presidente do CRM-MT, Diogo Sampaio, alertou que o estado ainda não atingiu o pico de casos, previsto para ocorrer entre março e abril, período em que também há maior incidência de doenças respiratórias. Isso pode gerar uma pressão ainda maior sobre o sistema de saúde.
"As projeções indicam que a situação pode piorar, e precisamos estar preparados para oferecer atendimento adequado e evitar mais óbitos", afirmou.