Cuiabá, 01 de Julho de 2025
DÓLAR: R$ 5,44
Icon search

CUIABÁ

Cidades Terça-feira, 01 de Julho de 2025, 07:02 - A | A

Terça-feira, 01 de Julho de 2025, 07h:02 - A | A

REVITALIZAR PARA PERTENCER

Estudantes de VG querem transformar "área abandonada" em Ecoparque

Criado por alunas do curso técnico em Administração, projeto propõe transformar área degradada em ecoparque aberto à escola e à comunidade

Da Redação

O que começou como uma proposta para a Mostra Estadual das Escolas Técnicas (MEET) se transformou em algo muito maior. Um grupo de oito alunas do curso técnico em Administração da Escola Técnica Estadual de Várzea Grande, sob orientação de professores das áreas de Comunicação e Administração, idealizou um projeto que propõe a revitalização de uma área verde não aproveitada, localizada entre a própria escola e a Escola Estadual Dunga Rodrigues. A proposta, baseada em dados coletados por meio de pesquisa com a comunidade escolar, tem potencial para se tornar política pública voltada à sustentabilidade e ao bem-estar social.

A motivação inicial partiu da professora Maria Gabriella Marques Corrêa, que viu na MEET uma oportunidade de instigar as alunas a pensarem em soluções reais para a comunidade escolar. “Eu sempre comentava que aquela área ali parecia sombria, assombrada, principalmente para quem estuda à tarde ou à noite. E elas sentiram o mesmo. Foi quando decidimos estudar essa situação com mais profundidade”, conta.

O projeto foi tão bem aceito que, mesmo com o limite de cinco participantes exigido pela Mostra, outras três alunas optaram por atuar como voluntárias, demonstrando o engajamento e o senso de pertencimento ao espaço escolar.

De área esquecida a Ecoparque

A área em questão possui cerca de 5,5 hectares e hoje está subutilizada. Com indícios de descarte irregular de lixo e insegurança, o local afasta estudantes e a comunidade. A proposta de intervenção inclui a criação de hortas agroecológicas, trilhas interpretativas, salas de aula ao ar livre e espaços de convivência, trilhas interpretativas, ações sustentáveis como compostagem e captação de água da chuva, transformando o ambiente em um Ecoparque educativo e comunitário.

“É uma ideia que extrapola a mostra. A gente não está falando só de um projeto escolar, mas de uma ação que pode impactar positivamente a vida de mais de 140 mil moradores do bairro Parque do Lago”, afirma o professor Thiago Brandão. Segundo ele, o conceito de uma escola dentro de um parque pode se tornar um marco na educação pública da região.

O olhar das alunas

As estudantes relataram que, desde o início, se sentiram inseguras ao circular pela área. “Meus pais tinham medo de eu passar por ali sozinha. Hoje tem iluminação, mas antes era bem pior. A proposta do projeto traz esperança de mudança”, diz uma das alunas. Outras ressaltaram que a ideia pode incentivar o esporte, lazer e a convivência comunitária. “A gente quer melhorar esse espaço para todos, não só para a escola”, destaca Nauanny Amorim.

Segundo a pesquisa desenvolvida por elas, mais de 85% dos entrevistados acreditam que a revitalização das áreas verdes traria melhorias significativas para a qualidade de vida e para o ambiente escolar. A análise SWOT — uma ferramenta que avalia as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de um projeto ou situação — feita pelo grupo também demonstrou o grande potencial do espaço e o apoio da comunidade para ações sustentáveis.

Potencial para política pública

Apesar de nascer no contexto escolar, a execução do projeto ultrapassa as competências da gestão da ETEC/VG. A área foi cedida na época à Empaer e a vegetação local tem a permissão para desmatamento. Por isso, os professores ressaltam a necessidade de articulação com órgãos públicos municipais e estaduais.

“A ideia é dar o pontapé inicial. O projeto é realista, viável e necessário. A gente precisa que o poder público olhe para isso como oportunidade de criar um modelo replicável de requalificação urbana”, explica Gabriella.

Inspirado em casos como a Escola-Parque de Salvador e o Ecoparque de Perus (SP), o projeto tem tudo para se tornar referência em educação ambiental e transformação social. Agora, resta o próximo passo: o engajamento político e institucional para que a semente plantada por essas estudantes floresça em benefício de toda a comunidade.

Autores do projeto

Alunas do 1° ano do ensino médio da ETEC/Várzea Grande: Adriele Supepi Amorim, Bianca de Souza Camargo, Heneidys Marcelis Perez Brito, Hillary Oliveira De Jesus Alves, Layla Carvalho de Almeida, Leiriane Clara Campos Silva, Nauanny Alice Perez Amorim e Viviane Maria Rodrigues de Souza.

Orientadores: Profª Ma. Maria Gabriella Marques Correa e Prof. Me. Thiago Rafael da Silva Brandão.

Veja fotos:

Cuiabá MT, 01 de Julho de 2025